É animadora a tomada de consciência de grande parte do empresariado que já compreendeu a necessidade de modernização para se inserir no contexto da economia globalizada, altamente competitiva, interna e externamente, para que o produto nacional tenha condições de concorrer, em preço e qualidade. As empresas devem modernizar-se, capacitando-se para entrar na disputa de um mercado cada vez mais exigente, ou ficarão à margem do processo global, com sérias dificuldades para sobreviver.
O País vive, dentro do plano de estabilização, uma fase de ajuste econômico, prevalecendo a política de juros altos, o que impede, em boa parte, uma retomada mais expressiva dos investimentos empresariais e inibe sua verdadeira vocação de crescimento.
Se, por um lado, determinados fatores exercem influência sobre as decisões da empresa, podendo até mesmo atrasar projetos de modernização e competitividade, não há como fugir do fato de que se trata de mudanças irreversíveis, que cedo ou tarde terão de ser adotadas. Os mercados externos exigem a modernização de seus parceiros e, com a formação dos blocos econômicos, torna-se praticamente impossível sobreviver sem essa parceria.
Após três anos da implantação do Real, o plano de estabilização econômica se defronta, é verdade, com alguns problemas, parte deles decorrente da própria estabilização, e outros diretamente ligados à demora no processo de ajuste fiscal e no conseqüente equilíbrio macroeconômico. A inflação, quase debelada, confirma inequivocamente que os rumos da atual política econômica alcançaram seu objetivo maior, ou seja, o autocontrole de preços e o crescimento dos investimentos.
Ao longo de três anos, a trajetória do Plano Real foi avaliada pelas conseqüências da crise mexicana e pelas conturbações da economia do Sudeste asiático. Isso demonstra que a economia do País é sensível - mas não vulnerável, se bem gerenciada - a influências externas, o que até certo ponto é admissível em planos que utilizam a âncora cambial e dependem da poupança externa para equilibrar seu balanço de pagamentos.
Há necessidade, sim, e urgente, das reformas administrativa, previdenciária, tributária, e é justamente esse retardamento no encontro de soluções para; essas questões esquecidas-que contribui para a precariedade do equilíbrio fiscal, impondo a necessidade das atuais políticas monetária e cambial, que julgo corretas.
Esse retardamento, entretanto, não vem inibindo os investimentos estrangeiros no País, porque prevalece a certeza de que o Brasil está no rumo certo e que as reformas necessárias estão em andamento. Confiando nesse quadro, a própria Degussa promove mudanças na sua estratégia. Investimentos pesados, não comparáveis com os de outras épocas, vêm sendo realizados com aplicação de tecnologia atualizada e na busca da qualidade, representados pelas várias certificações, como a QS 9000, que habilita nossa empresa como fornecedora global das grandes montadoras de veículos. Temos conseguido desenvolver produtos com lançamentos simultâneos no Brasil e em outros países em que a Degussa atua. Estamos investindo US$ 106 milhões numa fábrica de peróxido de hidrogênio, um produto ecologicamente correto utilizado para branqueamento de papel e tecidos, no Espírito Santo, com inauguração prevista para o início do próximo ano.
E alentador constatar que a atividade econômica, no primeiro semestre de 1997, mostrou boa recuperação diante do desempenho, no mesmo período, no ano anterior. Segundo o IBGE, a indústria nacional produziu, nos primeiros cinco meses deste ano, 5% acima de 1996. A expansão foi liderada pelos bens de consumo duráveis com 12,3% no período.
Assim, não posso deixar de externar nossa fé inabalável no futuro do País, aliás um futuro que já se faz presente com as chances de um nacional e internacional.
Gostaria de reafirmar nosso alerta de que é chegado o momento de um esforço especial, no sentido da possibilidade de a produção contribuir para o equilíbrio das contas do País.
Presidente da Degussa S.A. e presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha.
Notícia
Gazeta Mercantil