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Vitruvius

Modernidade antes dos modernistas: o interesse dos periódicos pelo espaço arquitetônico no Brasil (1 notícias)

Publicado em 20 de fevereiro de 2013

Por Rafael Alves Pinto Junior

Tanto a divulgação da produção arquitetônica, quanto a veiculação da produção arquitetônica os produtos relacionados com os aspectos da habitação pelas páginas das revistas são sintomas de um processo que tem como condição histórica de fundo a maneira de ver o mundo colocada pelo período de intensas transformações em todos os aspectos da vida ocidental a partir do final do século XIX e primeiras décadas do século XX. Tais sintomas são, portanto, indicadores de fenômenos que de outra maneira poderiam não ser detectados no tempo: importava encontrar formas de expressão adequadas aos novos tempos de acelerada industrialização e de consolidação internacional do capitalismo. Neste contexto, a arquitetura era um dos aspectos da existência e da cultura que mais se sobressaía. As questões referentes à moradia e às edificações passaram a fazer parte dos discursos de outras áreas do conhecimento, como a relação entre o homem e a natureza, o homem e a sociedade e a urbanização. As publicações interessadas em arquitetura passaram a articular discursos e não mais apenas a estabelecer uma relação determinada entre as funções e as partes formais dos edifícios.

A publicação de uma revista tornou-se parte desse processo. Um mercado cujas grandes fronteiras foram principalmente as relações de gênero e a classe social. O que significa dizer que sua inserção articulou uma equação mercadológica, correspondente tanto a uma segmentação temática como a entende Mira (2001), quanto ao desencadear de uma obra de movimento do corpo social, como entende Pluet-Despatin (1992), em que o leitor é visto como um potencial consumidor, e o editor torna-se um especialista em determinados grupos de consumidores. Um processo que teve no Brasil da passagem para o século XX um ponto de inflexão.

Este ambiente de efervescência de produção de periódicos por certo influenciou as instituições e agremiações voltadas ao saber científico. Estas publicações são exemplos de como o aparelhamento estatal nascido com a República encontrou larga representação. Voltar os olhos para as principais revistas em circulação na época pode mostrar a inserção da imprensa periódica no mercado editorial nacional, a luta por inserção de segmentos profissionais e o significado que atribuíam à realização da arquitetura e da engenharia. Ao mesmo tempo revela vozes preocupadas com a construção de um processo de modernização no Brasil.

Sinalizando uma abertura das publicações rumo a uma diversidade temática mais dirigida, o modelo dos periódicos franceses dominante do mercado no final do século XIX certamente inspirou o Club (1) de Engenharia do Rio de Janeiro a criar uma publicação dedicada às realizações da construção civil e da arquitetura no Brasil: a Revista do Club de Engenharia, em 1887 (2). Inspirada na sua famosa matriz francesa, a indispensável Revue d´École Polytechnique e na Revue Générale des Chemins de Fer (3), a criação de uma publicação mensal era um complemento necessário a uma sociedade de profissionais da ordem do Club de Engenharia (4). Por suas páginas, os associados manter-se-iam informados, poderiam compartilhar novos conhecimentos e divulgar suas produções e experiências (5).

Como veículo do Club, a revista também estava estreitamente ligada ao Instituto Politécnico Brasileiro, criado em 1862 (6). Presidido pelo Conde d´Eu (7), congregava os mais ilustres e atuantes engenheiros da época sob o modelo da prestigiada École Polytechnique de Paris. Suas atuações na capital brasileira não eram modestas. Em 1884, o Club havia organizado o 1º Congresso Nacional de Estradas de Ferro e instituído uma comissão para avaliar a situação sanitária da lagoa Rodrigo de Freitas, em 1887 organizou a 1ª Exposição dos Caminhos de Ferro Brasileiros e realizou a primeira experiência com o bonde de tração elétrica, atraindo numeroso público.

Herschmann (1994, p. 23) considera que, nesta época, espaços como o Instituto Politécnico passaram a ser considerados prioritários (8), lugares onde a “arte do operatório” dos engenheiros, médicos e educadores passaram a sobrepujar a “arte da retórica” dos bacharéis. Uma atuação que teve um ponto alto com o lançamento da Revista, redigida pelos engenheiros Pedro Betim Paes Leme, André Gustavo Paulo de Frontin e Manoel Maria de Carvalho.

Com consideráveis 100 páginas, a publicação apresentava na capa um dos símbolos mais característicos do progresso, da modernidade e da racionalidade burguesa do final do século XIX: uma locomotiva sobre trilhos, a toda velocidade, expelindo fumaça e vapor por todos os lados. Símbolos que, de acordo com Tania Regina de Luca (1999, p. 19), foram mobilizados não em sua positividade, mas como imagens síntese do que nos faltava. Afirmava-se daí em diante um entusiasmo estético pelo maquinário e pelas ferramentas: a imagem da locomotiva a vapor - “belo” e terrível monstro - tornou-se um dos símbolos do triunfo da razão sobre o obscurantismo do passado (ECO, 2004, p. 393).

Esta preocupação com a modernidade tecnológica não ficou restrita às capas. Ao contrário. Suas páginas praticamente não tratam de outro assunto: estabelecimento de bitolas e padronização de peças industriais, dimensionamentos de estradas, modernização de portos e aeroportos, eletrificação e sistema de abastecimento de água, drenagem e adução de cursos d´água, além das preocupações com a qualidade, salubridade e estética das edificações. Ao curso destes temas seguia toda uma publicidade voltada para a divulgação do que de melhor havia disponível: aluguel de dragas, venda de escavadeiras a vapor, bombas hidráulicas, motores elétricos e a diesel, balanças, compressores e teodolitos. Uma demonstração inequívoca de que a modernização nestas terras não era um sonho irrealizável ou que inexistiam os meios para sua efetivação. Além disso, a revista não descuidava do enaltecimento das realizações da engenharia, dos vãos que foram vencidos e das distâncias transpostas, sem esquecer-se das personalidades ilustres que tornaram estes feitos possíveis. Valorizando os profissionais da construção civil e colocando-os no mesmo patamar de importância que os advogados e os médicos, as profissões imperiais nomeadas por Coelho (1999). Sem as peias acadêmicas que prendiam muitos outros profissionais e tendo que resolver problemas práticos, os engenheiros estavam à frente das novas tendências e eram os responsáveis pelas maiores realizações da época (GAY, 2009, p. 280). Uma valorização da engenharia e do engenheiro que estava atrelada à inserção do pensamento comtiano como matriz ideológica para a formação da ciência nas últimas décadas do século XIX no Brasil.

Esta imagem de prestígio profissional sempre foi um dos baluartes da revista. No início do século XX, a revista sofreu uma alteração visual. A imagem das locomotivas e das máquinas a vapor características do século XIX passa para uma folha de rosto sob uma capa com uma faixa na diagonal. Apesar disto, a revista continuou praticamente a mesma, com o mesmo material, tamanho e conteúdo, sempre atenta às grandes questões de saneamento, finanças e industrialização. O que tomou uma dimensão maior foi sua preocupação em fomentar junto aos poderes públicos e divulgar novos parâmetros urbanísticos.

São numerosos e veementes os artigos preocupados com a modernização das cidades, a padronização das construções (9), o estabelecimento de níveis de arruamentos das vias urbanas (10) e a exequibilidade do saneamento público (11). Mediante artigos com estas preocupações, discursos e deliberações da Diretoria do Club de Engenharia, a revista se colocava no lugar privilegiado de núcleo criador de legislações estaduais e municipais qualificadoras das maneiras de morar e de se construir na época. Preocupações que não se abriam igualmente das casas mais abastadas às mais modestas. Resultado das preocupações higienistas, positivistas e do moralismo do final do século XIX, a revista traduzia e fazia circular a vontade profilática no cerne de parágrafos, artigos e disposições legais muitas vezes obscuros para a maioria da população nem sempre disposta a cumprir as regras ditadas pelas autoridades. Para Carlos Lemos (1999), medidas legais que objetivavam a busca da habitação higiênica que perpassavam pela formação profissional na Politécnica.

Como no Rio de Janeiro, a criação da Escola Politécnica em 1893 em São Paulo também significou a busca pela formação de profissionais que pudessem suprir a carência de mão de obra especializada. Mesmo não estando ligada a uma agremiação de profissionais como o Club carioca, a instituição paulista procurava manter-se sintonizada com a produção de conhecimento tecnológico de sua época. Exemplo disto são os esforços de contratação de eméritos professores estrangeiros (12) e a construção de laboratórios e oficinas dedicadas à tecnologia (13).

Em 1900 ainstituição publicou a Revista da Politécnica, também inspirada na sua famosa Revue d´École Polytechnique. A iniciativa durou pouco. Restrita a dois números in folio em papel barato, a publicação se limitou às noticias acadêmicas, repetindo as notícias das revistas estrangeiras. Quatro anos depois, após a consolidação do Grêmio Estudantil Politécnico de São Paulo, a publicação foi retomada. Nascia a Revista Politécnica, Órgão do Grêmio Politécnico. Maria Cristina da Silva Leme (1999) observou a existência de quatro publicações técnicas dedicadas às questões da urbanização e da atuação da engenharia em São Paulo nas primeiras décadas do século XX: a Revista de Engenharia, publicada intermitentemente desde 1879 até 1913; a Revista Politécnica, publicada de 1904 a 1954; a Revista de Engenharia Mackenzie, publicada desde 1915; e o Boletim do Instituto de Engenharia, publicado de 1917 a 1941. De todas elas, a Revista Politécnica – talvez por ter como colaboradores docentes, alunos e profissionais egressos da Politécnica de São Paulo, influentes e atuantes tanto no mercado imobiliário quanto no poder público da capital – era a mais importante.

Produzidas até outubro de 1910 e divulgadas basicamente no meio dos cursos superiores, estas primeiras revistas orbitavam nos limites da Politécnica. Mesmo com uma circulação restrita, elas se apoiavam no prestígio das instituições acadêmicas e científicas, bem como na tradição das publicações periódicas estrangeiras (14) em circulação no Brasil, como a Architectural Review (15), o célebre Architect´s Journal (16), a The Architectural Forum (17), Architecture (18) e a Revue d´École Polytechnique publicadas desde 1889 e divulgadas pelos professores em seus respectivos campos de especialidades.

A divulgação dos profissionais da área da construção civil em São Paulo limitava-se a artigos esparsos na imprensa jornalística e, com o fim da Revista Politécnica em 1910, este espaço foi ainda mais diminuído. Este quadro de silêncio levou um grupo de profissionais a fomentar a criação da Revista de Engenharia, publicação mensal de engenharia civil, industrial, arquitetura e agronomia, em 1911. Fundada pelos engenheiros Souza Pinheiro e Ranulpho Lima, a revista era inteiramente voltada para a “classe” dos profissionais ligados à “arte da construção”. O editorial de seu número inaugural é inequívoco:

Não falta lugar, pois, a Revista de Engenharia para se desenvolver e realizar os desígnios para que foi criada: guardar em suas páginas, pela descrição criteriosa e pela crítica serena e impessoal – para lembrança e para estímulo – o que produz a nossa classe; e fazer ressaltar por estes documentos o papel e as responsabilidades desta no passado e no prosseguir de nossa civilização (19).

Nesta perspectiva, a trajetória da Revista de Engenharia na capital paulista é exemplar. Em maio de 1912, houve uma mudança de proprietário que contribuiu para ampliação de sua atuação. Comandada pelos engenheiros Alypio Leme de Oliveira e Carlo Valentini, a revista passa a contar com representantes no Rio de Janeiro, Bahia, Curitiba e Porto Alegre. Em 1913 passou a se intitular Revista de Engenharia, Eletrotécnica, Hidráulica e Industrial, demonstrando um recorte mais especializado.

Pouco ilustrada, a revista praticamente constituía um informe das novidades internacionais por meio de artigos técnicos e reclames. Abundância apenas de propagandas de profissionais, de produtos ligados à construção, de estabelecimentos comerciais e de fornecedores.

Entre os profissionais, responsáveis pelas obras mais significativas de São Paulo e arredores, eram figuras frequentes Alfredo Junior, Victor Dubugras, Carlos Eckman, Carlos Krug, Alexandre de Albuquerque, dentre outros e; é claro, os professores da Politécnica, como Felix Hegg, Luís Gonzaga C. Nóbrega, Armando de Salles Oliveira, Gaspar Ricardo Jr., Geraldo Horácio de Paula Souza, Aldo Mario de Azevedo, Lourenço Filho e outros. Valentini, o próprio proprietário da revista, era um dos que mais apareciam, em anúncios às vezes de página inteira.

Dessa forma, a Revista de Engenharia tomou para si a responsabilidade de ser uma depositária da memória construtiva do que de melhor se fazia no Brasil – e esta seria uma preocupação recorrente facilmente observada em praticamente todas as revistas especializadas. “Lembrar e estimular” era um dístico que unia estes periódicos. Como as outras revistas em circulação em São Paulo no início do século, a Revista de Engenharia estava comprometida com a disseminação da ideia de Progresso, vale dizer, do progresso paulista.

Sintonizada com o mercado, a revista investiu na publicidade e na propaganda de empresas e profissionais estritamente ligados ao ramo da construção civil. Anúncios e lançamentos de ferramentas, máquinas e equipamentos, cerâmicas, aço e tintas são presença constante em suas páginas, não deixando sombra de dúvida em relação ao perfil de seus leitores. Aliás, a revista praticamente se converteu num catálogo de produtos, de fornecedores e de divulgação profissional. A presença de bibliografia de obras estrangeiras (em sua maioria inglesas, norte-americanas e francesas) confirma, neste tipo de revista, a importância do periodismo acadêmico voltado aos engenheiros-arquitetos, frente ao mercado editorial brasileiro nesta época. Apesar da relativa estabilidade e do grande prestígio tutelado pela deusa Minerva, a revista não durou muito (20).

Este periodismo acadêmico era mais forte e sólido no Rio de Janeiro, principalmente devido às atuações do Club de Engenharia na capital federal. Desde sua fundação, sua participação na vida da cidade e o exame dos diversos problemas nacionais tornaram-se mais intensos (21). Com a presença do Presidente Campos Sales, em 24 de dezembro de1900, aComissão Executiva do Club promoveu o Congresso de Engenharia e Indústria, incluindo em seus debates temas como o desenvolvimento da indústria nacional e a situação viária na América do Sul. Como consequência desta posição engajada com amplas questões nacionais e com a atuação de seus afiliados nas mais diversas regiões do país, a revista praticamente não se envolveu nos debates desencadeados pela reforma urbana de Pereira Passos (1836-1913), prefeito da capital entre 1902-1906. Se isso significava alguma oposição ao governo, ela não apareceu, nem veladamente. Entre os membros do Club parece não ter havido voz contrária à reforma, e os papéis do debate e da polêmica ficaram reservados às revistas ilustradas. Artigos ou seções sobre arquitetura também não aparecem, sobrepujados pelas questões viárias e industriais características da engenharia civil que se mostram prioritárias.

Dentre as revistas ilustradas, publicações como a Fon-Fon!, Kosmos, O Malho, Selecta e Para Todos, publicadas a partir de 1907, 1902, 1914 e 1918, respectivamente, não mediram esforços para construir e veicular uma imagem de cidade ligada à modernização. E somente mostrando uma imagem de plena credibilidade seria possível drenar para o Brasil uma parcela proporcional de fartura, conforto e prosperidade em que já chafurdava o mundo civilizado (SEVCENKO, 2003, p. 41).

Se São Paulo se urbanizava pelo crescimento, o Rio de Janeiro se urbanizava pela reforma da cidade existente. Ocorre que, entre 1903 e 1906, não houve um projeto de reforma urbana no Rio de Janeiro, mas dois. Um conduzido pelo Governo Federal, em razão da modernização do Porto; e outro conduzido pela prefeitura, mais amplo, no sentido de integrar as diferentes regiões da capital ao centro, concebido como um polo difusor de civilização, cultura e urbanidade. A preocupação com a higiene, com o estabelecimento de um padrão estético e com a modernização das construções passa a ser uma constante em praticamente todas as revistas ao se referirem à arquitetura. As revistas se desdobravam para não se apresentarem como obsoletas, veiculando valores de um passado colonial e escravocrata com o qual a elite não queria se ver associada: o progresso e a consequente transformação arquitetônica e urbana eram vistos como um processo que não podia ser detido.

E foi justamente no sentido de representar uma cidade ideal, que deveria ser construída, que as revistas encontraram na temática da arquitetura e do urbanismo, um objeto de interesse mercadológico. Através de inúmeras reportagens sobre as reformas urbanas, de abundante ilustração e crônicas sobre os novos edifícios, as revistas tinham uma clara missão de “formar o gosto” e assim ampliar a atuação de Pereira Passos pelo exercício de uma pedagogia estética. Olavo Bilac (1865-1918), por exemplo, cronista frequente em diversos periódicos, era um dos intelectuais convictos de que a arquitetura civilizaria a população. Escrevendo aos leitores da Gazeta de Notícias em novembro de1905 arespeito da inauguração de obras da reforma urbana na capital, ele colocou que:

A melhor educação é a que entra pelos olhos. Bastou que, deste solo coberto de baiucas e taperas, surgissem alguns palácios, para que imediatamente nas almas mais incultas brotasse de súbito a fina flor do bom gosto: olhos que só haviam contemplado até então bestesgas, compreenderam logo o que é a arquitetura. Que não será quando da velha cidade colonial, estupidamente conservada até agora como um pesadelo do passado, apenas restar a lembrança? (apud Dimas, 1996, p. 266).

As realizações da arquitetura veiculadas por praticamente todo o periodismo em geral e pelas revistas em particular são um exemplo deste caráter pedagógico: símbolo de um tempo de aprendizagem por excelência. Assim, e ainda que superficialmente, quando as revistas divulgavam as “novas” formas de organização espacial, a orientação da população era o principal e evidente objetivo. Para Claudia Ricci (2008), a atuação destas revistas ilustradas foi responsável pela divulgação e construção de uma cultura arquitetônica no Brasil. Se não no Brasil, pelo menos no Rio de Janeiro, sem esquecer a necessidade de relativizar o alcance e a abrangência dessas revistas, ainda muito restritas ao Rio e a São Paulo. O objetivo de se alcançar todo o território nacional somente aconteceria com o lançamento de O Cruzeiro, em 1928.

Mesmo não sendo dedicada à arquitetura ou à construção civil, a arquitetura aparecia com destaque nas páginas de praticamente todas as revistas da época, quer pelas propagandas, crônicas e artigos ou pelas divulgações dos concursos para os novos edifícios na capital. Dirigidos pelo governo e amplamente divulgados, estes concursos objetivavam estabelecer um padrão de modernidade e civilização.

Dentre as revistas ilustradas, a Fon-Fon!(22), a Kosmos (23) e O Malho (24) notoriamente foram as que mais deram espaço à arquitetura, quer pela divulgação de concursos e obras na capital, quer pelas seções temáticas divulgando a execução de novos edifícios. Mediante a divulgação de um conhecimento antes restrito à Academia de Belas Artes, as revistas se esforçavam para levar aos leitores os termos técnicos corretos referentes aos estilos arquitetônicos e artísticos, evitando equívocos em sua utilização. Um exercício de pedagogia estética que seria uma preocupação constante para o periodismo quando o assunto era a arquitetura daí em diante.

Em páginas com várias fotografias, como as da Fon-Fon! publicada em janeiro de 1912, por exemplo, podemos ver o quanto a arquitetura aparecia com destacado interesse: seções como As nossas vivendas e A Pedra do lar passaram a ser frequentes. As imagens procuravam mostrar aos leitores da revista o que cada edificação tinha de melhor, as últimas novidades, o que havia de mais moderno: colunas de aço, platibandas decoradas, telhados com telhas francesas, portões e grades de ferro. Paulatinamente, as residências afastavam-se dos alinhamentos frontais dos terrenos (REIS, 1982) e neste espaço apareciam, valorizando o acesso, os jardins frontais.

Como um dos principais produtos da cultura impressa, as revistas apresentam-se como foco fundamental de formulação, discussão e articulação de concepções, processos e práticas culturais e de difusão de seus produtos, como observou Heloísa de Faria Cruz (2000, p. 71). Mais ainda, além de popularizar os termos acadêmicos, as revistas viam a arquitetura como um objeto privilegiado de divulgação da modernidade que se construía e procuravam mostrar o que de melhor se fazia no ramo da construção da época. Sem esquecer que estas construções sempre deveriam ser dirigidas por um técnico, a revista incentivava a reprodução dos ambientes divulgados, para isso bastava levá-la a um profissional. Com isto, as revistas de variedades colocaram-se como intermediárias entre o conhecimento acadêmico e o grande público, iniciando uma relação que seria duradoura daí em diante. Ofereciaaos leitores a possibilidade de fomentar o desenvolvimento da sociedade mediante a arte, ou dito de outra forma, utilizar a arte como uma ferramenta para a construção do que entendia como progresso. Um entendimento que era a expressão de um dos fundamentos mais sólidos do ecletismo do final do século XIX: a arquitetura como resultado da fusão entre a técnica da ciência e a arte. Ecletismo que, tanto na qualidade de símbolo de poder (DEL BRENNA, 1985), quanto instrumento de um imaginário coletivo de modernidade (PUPPI, 1994), foi um sucesso, propagando-se do Rio de Janeiro para diversas outras cidades do país.

Se as revistas ilustradas procuravam ganhar cada vez mais público e mais espaço mercadológico, as revistas dedicadas aos profissionais demonstravam o evidente interesse de afirmação profissional e inserção social. Com ela, toda uma classe de profissionais tomava para si a responsabilidade de construir o moderno. Como organizadores da cultura na sociedade do início do século XX, os engenheiros impuseram critérios às obras civis, à remodelação urbana e ao incipiente sistema industrial: páginas e mais páginas dedicadas à celebração de personalidades importantes no meio profissional e suas realizações.

Em capas como as de julho de 1934 da Revista do Club de Engenharia, por exemplo, podemos identificar as conquistas da época: vãos imensos em rios e vales transpostos com aço e concreto armado, esforços gigantescos domados pela técnica. Representações de um só objetivo, e apesar do muito que ainda precisava ser feito, existiam no Brasil mentes capazes de realizações do que havia de melhor no contexto da moderna engenharia internacional.

As pontes de aço conquistando grandes vãos que ilustravam as edições da década de 1930 da Revista representavam basicamente a mesma coisa que as locomotivas veiculadas nas edições de 1900: progresso. Com ele, como observou Eco (2004, p. 366), avançou a convicção muito influente de que a estética da modernidade devia se expressar através das forças da ciência e das máquinas. Forças que seriam canalizadas correta e justamente mediante a ação dos profissionais da engenharia.

Como reflexo desta luta por afirmação profissional, em janeiro de 1920, aRevista do Club de Engenharia do Rio de Janeiro se desdobrou na Revista Brasileira de Engenharia (25). Tendo à frente os engenheiros Pantoja Leite, Vieira Souto e Alfredo Lisboa, a revista era, como a outra, dedicada às questões de engenharia nacional. A diferença era que a Revista Brasileira de Engenharia era mais dedicada às questões do urbanismo nacional e internacional e mais aguerrida em relação à regulamentação da atuação profissional que a Revista do Club, opondo-se frontalmente às práticas dos mestres de obras (26). A revista lutava ferozmente para a colocação dos engenheiros no mesmo nível das profissões liberais como os médicos e advogados. Para a revista:

se não é permitido fazer a mais pequena receita sem ser médico, ou assinar uma petição em juízo sem ser advogado, natural e lógico seria que só um engenheiro pudesse assinar com responsabilidade ou ser admitido nas grandes concorrências públicas e lugares técnicos das administrações (27).

Ao mesmo tempo em que se preocupava com as obras na capital federal (28), a revista mostrava-se veemente nas discussões sobre a atuação dos engenheiros e sua ação política (29), a regulamentação da ação profissional (30) e a procura pela criação de entidades representativas do grupo profissional que se sentia desvalorizado. Neste panorama de valorização profissional, um ano depois do lançamento da Revista Brasileira de Engenharia, entrou em circulação a revista Architectura no Brasil - Engenharia/Construção: Revista Ilustrada de assuntos técnicos e artísticos. Dirigida por Moura Brasil do Amaral, a revista se apresentou como um órgão de defesa dos interesses dos arquitetos. A publicação também se apresentava como porta-voz do Instituto Brasileiro de Arquitetos e da Sociedade Central de Arquitetos, criados em 1921 por uma união de profissionais que almejavam maior espaço na sociedade. Para a publicação, num país que contrastava seu adiantamento intelectual com seu sistema de edificações, necessitava de homogeneidade nos meios de ação dos arquitetos (31).

Nessa época, evidencia-se uma tentativa de afirmação profissional entre os arquitetos no Rio de Janeiro, que se sentiam pressionados, de um lado, pelos mestres de obras, responsáveis pelo maior número de obras na cidade; por outro lado, pelo prestígio dos engenheiros civis, já valorizados desde o final do século XIX e considerados importantes no meio profissional, inclusive na formação dos arquitetos diplomados pela Escola Nacional de Belas Artes (32). A Architectura procurava reproduzir no Brasil o sucesso e o prestígio da publicação da Sociedade Central de Arquitetos de Buenos Aires, em circulação desde 1918. Cipriano Lemos, no prefácio da primeira edição incentivava a iniciativa nacional, ao mesmo tempo em que reconhecia os riscos da empreitada:

Trata-se de uma iniciativa de grande alcance, quase uma temeridade, dado o atraso em nosso meio, em se tratando de arte tão complexa.Em Buenos Aires, a poderosa corporação de arquitetos possui magnífico semanário ilustrado, digno de rivalizar com as mais luxuosas revistas americanas. É que na República amiga, já há público capaz de sustentar a vida de tão interessante periódico (33).

As dificuldades e as limitações brasileiras eram unânimes entre os profissionais. Uma postura que podemos ver, por exemplo, na Architectura no Brasil. uma postura muito critica em relação à produção arquitetônica carioca e um testemunho de como alguns profissionais viam a produção local. Se a revista não era a expressão de todos, parecia ser pelo menos a expressão da agremiação profissional. Em geral, o Rio de Janeiro era visto como uma cidade dotada de belezas naturais ímpares, mas que, à exceção de algumas poucas edificações, não possuía uma arquitetura “digna” de uma capital. Passados quase vinte anos da reforma de Pereira Passos, a revista avaliou a reforma urbana como válida, mas não comprometida com a qualidade dos edifícios, consumindo “rios de dinheiro para edificar sem arte e sem proporção” (34).

Na esteira da Architectura no Brasil, foi publicada em 1923 a revista A Casa (35), dedicada à arquitetura, à engenharia e às artes decorativas. A revista era praticamente um eco da Revista do Club de Engenharia, apresentando concursos, congressos e traduzindo artigos de outras revistas estrangeiras. Como as demais revistas profissionais, também estava comprometida com a modernização urbana da capital federal.

No mesmo rumo aberto pela A Casa e pela Architectura no Brasil, alguns alunos egressos da Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), liderados pelo capixaba Moacyr Fraga (1905-1955), lançaram em 8 de junho de 1929 a Architectura: Mensário de Arte. A revista tinha como principal objetivo a divulgação da produção do escritório de Fraga e a atração de clientes. Apesar da relativa influência, a publicação durou pouco, não chegando a completar um ano de existência.

Se a ENBA não incentivava oficialmente a publicação, é certo que não a cerceou. Vários projetos de alunos foram publicados na revista, que fazia questão de destacar a condição de alunos do quadro da instituição. Em maio de 1934, o próprio grêmio da ENBA colocou em circulação uma revista própria, a Revista de Arquitetura da ENBA (36). Criada por Levi Autran e Paulo Motta e dirigida pelo arquiteto Sebastião de Almeida, a revista surgiu logo após a conturbada passagem de Lúcio Costa (1902-1998) à frente da instituição. Apesar de contar com colaboradores ligados estreitamente ao modernismo, como Álvaro Vital Brasil e Reidy, por exemplo, a temática da revista era essencialmente um arauto da produção carioca ligada ao movimento neocolonial. Projetos de estéticas das “missiones” de referências hispânicas ou de cunho mais eclético também apareciam (37), deixando evidente duas coisas: primeiro, as nuances do neocolonial praticado no Rio de Janeiro pelos profissionais formados pela ENBA; segundo, o esforço da instituição em se manter sintonizada com uma produção internacional que o neocolonial obviamente representava.

Em razão de sua condição de capital Federal, vemos florescer, principalmente no Rio de Janeiro, várias publicações dedicadas à arquitetura e ligadas às instituições classistas ou governamentais, como a Revista de Arquitetura da ENBA e a Revista Architectura no Brasil. Em 1932, a própria Prefeitura do Distrito Federal lançou a Revista Municipal de Engenharia (38), inteiramente dedicada aos problemas da capital, aos projetos elaborados pelo departamento de engenharia e às obras executadas pela municipalidade. Em 1939, o Relatório Estatístico feito pelo governo federal identificou este interesse: agrupadas sob a rubrica de “científicas e técnicas” e especializadas em engenharia, arquitetura e urbanismo, existiam 16 títulos de revistas e 1 boletim, (consideráveis 14,41 % da categoria) em circulação apenas na capital federal (39).

Este interesse também era forte em São Paulo. Com o crescimento da capital, crescia também o interesse por sua produção arquitetônica. Em 1937, Roberto Correa de Brito (1890-1956), então diretor do Cadastro Imobiliário de São Paulo, procurou o arquiteto Eduardo Kneese de Mello para publicar uma coletânea de sua produção. No meio profissional da época, Kneese era um dos mais requisitados, com residências ecléticas nos bairros Jardim Europa, Paulista, América e Paulistano, bairros que se urbanizaram rapidamente. Nesse mesmo ano foi publicada a Construcções Residenciaes Eng. Arq. Eduardo Kneese de Mello. A publicação, além de mostrar a grande quantidade de encomendas do arquiteto, constituiu um mostruário de seu virtuosismo estilístico.

O sucesso da publicação incentivou o editor a lançar uma revista regular, mensal, dedicada à arquitetura: nascia então a Acrópole, a mais influente revista dedicada à construção civil no Brasil durante décadas (40). A revista nasceu como uma expressão impressa do crescimento urbano da capital paulista, considerada um instrumento de registro e de reflexão da produção arquitetônica e urbanística de sua época.

Em resumo, o que todas estas publicações nos mostram - da Revista do Club de Engenharia no Rio de Janeiro à Acrópole paulista - é o empenho em representar, dentre outras coisas, a arquitetura como instrumento realizador de uma modernidade que era essencialmente urbana. Refletiam a diversificação e o crescimento do mercado editorial brasileiro estruturado na florescente economia urbano-industrial, associado ao aumento do mercado leitor à modernização de um parque gráfico que só conhecia o crescimento.

Cônscias do atraso material e tecnológico do país, as revistas nunca pouparam comparações com as sociedades consideradas mais desenvolvidas, notadamente a europeia e norte-americana, A Revista do Club de Engenharia, por exemplo, exortava aos jovens formandos de 1934 que no Brasil, comparada com outros centros mundiais, a atuação profissional era restrita, não possuía a bem formada indústria da edificação ou a Bulding industry dos americanos, para o aproveitamento regular dos profissionais recém-diplomados(41). O progresso tecnológico aparecia como uma ferramenta para elevar o Brasil à condição de potência mundial. Colocados como um elemento que a política do novo Estado implantado em 1930 não poderia negligenciar, os profissionais recolocavam as mesmas estratégias de afirmação junto aos agentes públicos já vistas no final do século XIX. Além da ideia de modernidade e progresso, articulou-se todo um discurso pautado em proposições viáveis economicamente e que pudessem resolver os descompassos entre os segmentos produtivos e as obsolescências da estrutura produtiva do Estado.

Assim, como denominador comum a praticamente todas as revistas que viam na arquitetura e na construção civil um tema a ser publicado no recorte temporal que delimitamos, identificamos a preocupação em se afirmar uma modernidade nacional. Superados os embates higienistas e civilizatórios priorizados na República Velha, as revistas encontraram no espaço da habitação um tema de sempre renovado interesse. Sem a industrialização das nações mais desenvolvidas, a construção civil seria a locomotiva do progresso. Significa perceber continuidades e vozes que destoam da narrativa canônica do advento do modernismo brasileiro, para as artes em 1922 e para a arquitetura em 1930. O passo para colocar a produção arquitetônica na ordem do dia havia sido dado.

notas

1
Mantenho a grafia original da Instituição.

2
Inicialmente mensal, passa em1895 aser publicada sem frequência fixa. Em 1897, passa a ser trimestral, desaparecendo em dezembro desse ano. Volta como publicação mensal em dezembro de 1900.

3
Publicadas a partir de 1862 e 1878, respectivamente

4
Criado em 24 de dezembro de 1880 por Conrado Jacob Niemeyer.

5
A revista era mantida pelos associados do Club e não era comercializada

6
O Instituto perdurou até 1916 quando teve suas atribuições em parte esvaziadas pela criação da Academia Brasileira de Ciências, em 3 de maio de 1916.

7
Apesar de prestigiado, o Clube não dispunha de sede própria, funcionando nas dependências da firma de engenharia de Niemeyer no centro da cidade.

8
Instituições que não se localizaram somente na capital: em 1897 foi criada a Politécnica da Bahia e em1912, ade Pernambuco.

9
Revista do Club de Engenharia, p. 133-184, dez. 1900.

10
Idem, p. 112-131.

11
Revista do Club de Engenharia, p. 204-211, jan. 1901.

12
Como a contratação de Maximiliano Hehl, engenheiro arquiteto pela Escola Politécnica de Hannover em 1896, Roberto Hottinger em 1900 e Wilhelm Fischer em 1903, dentre outros.

13
Como a construção do Gabinete de Resistência de Materiais em 1899 e a Fundição nas Oficinas da Escola Politécnica em 1902.

14
Neste contexto, a presença das revistas estrangeiras dedicadas à arquitetura deve ser vista com reservas. Se por um lado, elas foram claramente inspiradoras das revistas nacionais, sua circulação era muito limitada, quer através de assinaturas em moeda estrangeira, quer devido ao seu preço, quer através de amigos estrangeiros ou em viagens internacionais ou ainda em livrarias especializadas, a obtenção dos exemplares destes periódicos não pode ser classificada como acessível. Apesar disto, a influência do periodismo internacional parece ter contribuído rumo à diversidade temática, à melhoria da diagramação e à qualidade editorial. No caso das revistas nacionais dedicadas ao tema da casa, as referências a estas produções estrangeiras são muito esparsas.

15
É a revista de arquitetura mais antiga. De periodicidade mensal, publicada em Londres a partir de 1896 e dedicada ao paisagismo, às edificações, à decoração de interiores e ao urbanismo

16
Misto de revista e jornal, de periodicidade semanal, publicado a partir de 1896 e dedicado às noticias da área da construção, novos materiais e detalhes construtivos.

17
Publicada desde 1892 por Roger and Morison Company, Boston, Mass.

18
Publicada desde 1900 por Richard Wilding, NY.

19
Revista de Engenharia, n. 1, p. 3, jun.1911.

20
O último exemplar de que se tem notícia circulou em abril de 1914.

21
Diversas consultas governamentais ao Club de Engenharia resultaram em estudos como Código de Águas e o Código de Minas de 1934 e a Carta do Brasil de 1938.

22
Fon-Fon! Semanário Alegre, Politico, critico e esfuziante. Noticiario Avaliado, Telegraphia sem arame, Chronica Epidemica. Lançada e idealizada pelo célebre escritor Gonzaga Duque em 1907, com destaque para as crônicas de costumes e do cotidiano associado à abundante ilustração, responsável pelo seu sucesso. A revista circulou até agosto de 1958.

23
Fundada por Jorge Schimidt, amigo pessoal de Olavo Bilac e Campos Sales, a Kosmos foi lançada em janeiro de 1904, seguindo com edições mensais até março de 1920. Além das charges, a revista reservou muitos espaços à reforma urbana da capital, divulgando o Projeto das Fachadas destinadas à Av. Central, a Avenida Central, as obras do Porto e do Canal do Mangue.

24
Criada por Crispim do Amaral em 1902.

25
A revista seguiu mensalmente até janeiro de 1931, quando passou a ser bimensal.

26
Revista Brasileira de Engenharia, ano II, n. 5, p. 213-215, nov. 1921.

27
Revista Brasileira de Engenharia, ano VI, n. 1, p. 1, jan. 1926.

28
Revista Brasileira de Engenharia, ano IX, n. 2, p. 57-62, ago. 1929.

29
Revista Brasileira de Engenharia, ano XI, n. 5, p. 186-187, nov. 1930.

30
Revista Brasileira de Engenharia, ano V, n. 3, p. 97, set. 1925.

31
Architectura no Brasil, n. 1, p. 24, out. 1921

32
ENBA formava os Engenheiros Architectos, enquanto os Engenheiros Civis eram formados pela Escola Politécnica, antiga Academia Real Militar fundada em 1810.

33
LEMOS, Cipriano. Prefácio. Architectura no Brasil, n. 1, p. 2, out. 1921.

34
Architectura no Brasil, n. 1, p. 19, out. 1921.

35
Dirigida pelo engenheiro A. Segadas Vianna e pelo arquiteto J. Cordeiro de Azevedo e impressa por Segadas & Cordeiro LTDA.

36
Órgão oficial da Escola Nacional do Brasil, a revista seguiu regular e mensal, até seu fim em março de 1978.

37
Como, por exemplo, o Projeto de residência Barata e Fonseca. In: Revista de Arquitetura da ENBA, Rio de Janeiro, n. 11, p. 10-11, mai. 1935.

38
Dirigida pelo Engenheiro Everaldo Baekhauer, foi criada pelo Decreto n. 3759 de 30 de Janeiro de 1932. Arevista teve vários nomes: de janeiro de 1932 aoutubro de 1937 - Revista da Diretoria de Engenharia. De novembro de 1937 a dezembro de 1959 -  Revista Municipal de Engenharia, de janeiro de 1960 a dezembro de 1977 - Revista de Engenharia do Estado da Guanabara e por fim de janeiro de 1978 em diante - Revista Municipal de Engenharia.

39
IBGE. Imprensa Periódica. Número de Periódicos no Distrito Federal, segundo várias circunstâncias – 1939. Rio de Janeiro: Tipografia do Departamento Nacional de Estatística, 1931. Estatísticas do Século XX (2009c).

40
A Acrópole Revista de Arquitetura, Urbanismo e Decoração foi lançada em maio de 1938. Fundada e dirigida pelo engenheiro Roberto Corrêa de Brito, a Acrópole foi o periódico que mais números publicou no segmento : quando encerrou suas atividades em 1971, estava no número 391. Seguia o padrão das publicações internacionais, a começar pela capa, claramente inspirada na Architetcture: se a revista norte-americana mostrava apenas uma silhueta do Erectéion, a Acrópole foi mais literal e destacou as célebres cariátides do pórtico sul do edifício, em vista frontal. Concebida pelo próprio Corrêa de Brito, esta solução visual parecia ser a mais adequada para uma revista de arquitetura, uma composição visual que associava maior prestígio e erudição à publicação.

41
PASSOS, Edison J. Discurso do Paraninfo Edison Junqueira Passos aos Engenheiros Architectos de 1934. Revista do Club de Engenharia. Rio de Janeiro, Tip. do Jornal do Comércio, n. 4, p. 201-202, out.. 1934.

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sobre o autor

Rafael Alves Pinto Junior é arquiteto formada pela Universidade Católica de Goiás, professor do CEFET GO. Concluiu em 2006 o Mestrado em Cultura Visual na Universidade Federal de Goiás.