Notícia

Plantão News (MT)

Modelos diferenciados com startups fortalecem processo de inovação tecnológica (1 notícias)

Publicado em 24 de fevereiro de 2018

Transformar ciência de alta qualidade em soluções tecnológicas aplicadas a diferentes áreas do conhecimento, em parceria com startups, para serem absorvidas pelos produtores rurais e outros atores. Isso tudo com modelos diversos e oportunidades de recursos para fomentar o processo de inovação, tanto no setor público quanto na iniciativa privada.

Essa equação é complexa, mas tem produzido resultados expressivos na Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP). Um deles é com a empresa Agrorobótica (Guariba, SP), que utiliza a fotônica (laser) em aplicações agroambientais e foi uma das sete agritechs selecionadas na chamada Pontes para Inovação, organizada pela Embrapa e Cedro Capital, cujo resultado foi apresentado no final de janeiro.

O Centro de Pesquisa pavimentou a trilha da inovação baseado no modelo de concessão de licenças para exploração de direitos de propriedade intelectual em dois contratos firmados em 2017 com a Agrorobótica; além disso, já estava em desenvolvimento uma solução para análise sensorial de café.

Os contratos, no escopo da Rede de Agricultura de Precisão (que envolve 23 Unidades da Embrapa e mais de 50 instituições públicas e privadas), estão ligados a técnicas que utilizam laser para mensurar a quantidade de carbono retida no solo e pode contribuir na certificação de propriedades rurais no plano Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (plano ABC), bem como para a aplicação mais adequada de água e insumos.

Soluções em nanotecnologia

Atenta aos novos nichos de mercado, a Embrapa Instrumentação também tem utilizado seu pioneirismo em pesquisas de nanotecnologia aplicadas ao agronegócio para estabelecer parcerias com empresas nascentes.

Um modelo está ligado à Rede de Nanotecnologia aplicada do Agronegócio (AgroNano), no âmbito do Sibratec (Sistema Brasileiro de Tecnologia), operado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), com a aprovação de dois projetos.

Um deles é o desenvolvimento de nanocompósitos osteointegráveis e osteoindutores para prototipagem rápida de peças para uso em veterinária, odontologia e medicina humana é o motivo da parceria com a DMC (São Carlos).

Já com a empresa Siena Idea Inovações Disruptivas Ltda. (São Carlos) o modelo do Sibratec prevê o desenvolvimento de um produto sensor para avaliação visual e por software de análise de imagens para identificar aspectos da qualidade de frutas e hortaliças.

“O apoio aos empreendedores que buscam modelos de negócios repetíveis e escaláveis, especialmente inovadores, também tem ocorrido por meio de outras fontes”, explica o chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Instrumentação, José Manoel Marconcini.

Inovação em pequenas empresas

“Uma fonte importante que temos utilizado é o Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), que apoia pequenas empresas sediadas no Estado de São Paulo para o desenvolvimento de pesquisa tecnológica no ambiente empresarial - sem contrapartida”, acrescenta Marconcini.

Três empresas parceiras da Embrapa Instrumentação foram selecionadas no ano passado, uma delas, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) é a Domínio Química (Pindorama – SP), parceira no projeto da Rede AgroNano para o desenvolvimento de nanocompósitos à base de enxofre para veiculação de micronutrientes em solo para oferecer opções ao produtor rural com potencial melhor balanço econômico e facilidade de aplicação.

A Hyco (São Carlos) também foi contemplada no modelo PIPE-FAPESP no projeto para incorporação de fibras longas em termoplásticos para obtenção de compósitos híbridos, utilizando fontes vegetais e industriais, que deve abrir novas oportunidades para os produtores de fibras e também para a indústria nacional na fabricação de peças estruturais para os implementos agrícolas, acessórios e bens de consumo.

Já a empresa Bio Nano (São Carlos), a terceira contemplada pelo programa da Fapesp, atua no desenvolvimento de metodologias para aumento de escala de produção de nanocristais de celulose (CNC) com redução do tempo de sua produção e no consumo de água, e reaproveitamento dos reagentes.

“O trabalho de uma década na Rede AgroNano – que envolve 150 pesquisadores de 39 universidades, 25 parceiros internacionais e 23 Centros da Embrapa - agora tem rendido diversas parcerias que, muitas vezes, envolvem ex-alunos orientados por pesquisadores da Embrapa Instrumentação e que resolvem empreender, como ocorre nos três casos citados no PIPE-FAPESP, um modelo que é estratégico numa época de restrições orçamentárias e financeiras”, analisa Marconcini.

Outro modelo de apoio às startups envolve a área de óptica e fotônica com a empresa Hidrofito (Pirassununga – SP), na qual um contrato de cooperação técnica busca a melhoria no sistema de produção da soja, por meio do monitoramento de doenças – como a Soja Louca II e a ferrugem asiática - e classificação de grãos explorando técnicas ópticas como imagens especiais e espectroscopias.

A parceria no ecossistema de inovação também está presente no modelo estabelecido com a Valornovo Ltda. (Cravinhos – SP), materializado no contrato de fornecimento da tecnologia “Liberação controlada de fertilizantes de origem nitrogenada por poliuretano à base de óleo natural”, cumulada com o uso da marca “Tecnologia Embrapa”.

“Todo o esforço em buscar modelos diferenciados com a iniciativa privada, recursos financeiros e talentos nas parcerias, ocorre com o intuito de reverter a excelência da pesquisa básica em soluções tecnológicas aplicadas às diversas cadeias produtivas em diferentes partes do Brasil, reforçando nossa missão de centro nacional temático”, enfatiza o chefe adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Instrumentação, Wilson Tadeu Lopes da Silva.