Pesquisa da Unesp mostra que combinar óleos de linhaça e castanha-do-pará modificados pode gerar biopolímeros com alto desempenho e menor impacto ambiental.
Diante do crescimento acelerado da demanda global por bioplásticos, pesquisadores da Faculdade de Ciências da Unesp, em Bauru, desenvolveram uma nova estratégia para contornar os desafios da produção sustentável de polímeros.
A solução está na mistura quimicamente modificada de óleos vegetais, especificamente linhaça e Castanha-do-Pará, que mostrou ser eficaz na criação de biopolímeros com propriedades semelhantes às obtidas com óleos puros.
Com apoio da FAPESP, a pesquisa responde à urgência de encontrar matérias-primas renováveis e perenes, frente à projeção de um aumento de 400% no mercado mundial de bioplásticos entre 2022 e 2028.
Os óleos vegetais se destacam como alternativas ecológicas aos derivados do petróleo, já que são renováveis e biodegradáveis. No entanto, a produção industrial enfrenta um problema prático: a sazonalidade e a limitação regional na oferta dessas matérias-primas.
“Nosso objetivo foi desenvolver uma solução que permitisse superar essa limitação, criando misturas de óleos que mantenham a qualidade dos polímeros mesmo quando a matéria-prima pura não está disponível”, explica o professor Gilbert Bannach, coordenador do estudo.
Os cientistas combinaram os óleos de linhaça e castanha-do-pará em diferentes proporções até alcançar um índice de iodo semelhante ao do óleo de semente de uva — utilizado como referência. Esse índice indica a quantidade de duplas ligações nos ácidos graxos, fator crucial para a formação dos polímeros e para a definição de suas propriedades finais.
Após a modificação química e polimerização das misturas, os pesquisadores observaram que os materiais obtidos apresentaram desempenho térmico e mecânico comparável ao de polímeros derivados de óleos puros.
O estudo provou que é possível ajustar o índice de iodo de forma linear em função da composição das misturas. Isso permite que diferentes óleos possam ser combinados estrategicamente para garantir propriedades adequadas à produção de bioplásticos, mesmo em épocas de escassez de um dos componentes.
“A flexibilidade proporcionada por essa abordagem amplia as possibilidades de uso industrial dos óleos vegetais e reforça o papel das misturas como solução viável e sustentável”, destaca Bannach
Autor: Redação Revista Amazônia