Agência Fapesp
Fundada em 1934 com a contribuição de missões estrangeiras, USP completa 75 anos neste domingo (25/1) com expansão da internacionalização. Estudo mostra que mais de 30% da produção científica da universidade teve cooperação internacional.
A Universidade de São Paulo (USP) comemora 75 anos neste domingo (25/1) sendo responsável por mais de 25% da produção científica brasileira e consolidando uma tendência que vem desde a sua origem: a cooperação internacional.
Em 1934, dezenas de professores estrangeiros foram contratados para implementar estudos de ciências básicas e humanidades, nos quais o país ainda engatinhava. A chamada “missão estrangeira” deflagrou uma efervescência cultural que transformaria a USP na maior universidade da América Latina.
Depois de 75 anos, a universidade mostra uma crescente projeção no cenário internacional. Com 380 convênios acadêmicos de intercâmbio em vigência, foi considerada a 113ª melhor universidade do mundo pelo ranking Webometrics – um salto de 15 posições em relação a 2007.
De acordo com um novo estudo sobre os indicadores de ciência e tecnologia em São Paulo, em média 30,4% das publicações científicas produzidas na USP entre 2002 e 2006 foram feitas com colaboração estrangeira. No período anterior, de 1998 a 2002, a média era de 20,9%.
A pesquisa mostra também que a contribuição da USP para a produção científica paulista passou de 48,8% em 1998 para 50,5% em 2006. A fatia da universidade na ciência brasileira passou, no mesmo período, de 23,9% para 25,5%.
De acordo com Leandro Innocentini Lopes de Faria, professor do Departamento de Ciência da Informação do Centro de Educação e Ciências Humanas (Cech) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), um dos autores do estudo, a pesquisa foi feita em duas bases de dados: a Web of Sciences e o Portal Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Os outros autores são Wanda Aparecida Machado Hoffmann, do Cech, José Angelo Rodrigues Gregolin, do Departamento de Engenharia de Materiais da UFSCar, e Luc Quoniam, da Universidade de Toulon, na França.
Segundo Faria, é importante observar que, além da crescente cooperação da USP com instituições estrangeiras mostrada pelas estatísticas, há também uma grande parcela de cooperação com instituições brasileiras.
“Por isso, embora os números mostrem que a USP produz mais da metade da ciência paulista, isso não significa que todas as outras instituições juntas respondam por menos da metade. Há muita produção feita em colaboração”, disse Faria à Agência FAPESP.
Segundo ele, que também é coordenador executivo do Núcleo de Informação Tecnológica em Materiais da UFSCar, no período de 1998 a 2006 houve um crescimento absoluto da produção científica brasileira e a USP acompanhou essa tendência.
“O Brasil passou de 9 mil artigos publicados anualmente para quase 19 mil, aproximando-se dos 2% da produção científica mundial. A USP, portanto, é responsável por cerca de 0,5% da ciência do mundo”, afirmou Faria.
A instituição mostrou participação expressiva nas 22 áreas do conhecimento avaliadas no estudo. Os principais destaques foram biologia molecular e genética – na qual a universidade responde por 32,6% da produção nacional – e ciências espaciais, com 32,3% do total.
“Outro destaque foi medicina, na qual a USP tem 29,9% da produção científica nacional. Trata-se de uma área importante, que concentra o maior número absoluto de artigos publicados. Outras áreas com números expressivos foram biologia e bioquímica (31%), imunologia (29,9%) e psiquiatria e psicologia (29,7%)”, explicou.
Internacionalização planejada
Solange Oliveira Rezende, professora do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP em São Carlos, – que preside a comissão responsável pelas comemorações dos 75 anos da instituição –, ressalta que a crescente presença da universidade no cenário internacional é resultado de uma ação planejada.
“A internacionalização é uma das principais diretrizes adotadas pela reitoria. O incremento em todos os indicadores de produção científica e na posição da universidade nos rankings internacionais reflete esse esforço e esse foco no cosmopolitismo”, afirmou.
O aumento da internacionalização foi constatado em setembro de 2008, durante o workshop Planejando o Futuro: USP 2034, que visava a delinear os rumos da universidade nos próximos 25 anos.
“Durante o evento foi apresentado um diagnóstico da situação atual da USP, que mostrou os avanços em relação à internacionalização. Mas acreditamos que temos condições, infraestrutura e recursos humanos para avançar muito mais nessa direção”, disse.
Solange conta que a universidade prevê o aumento dos incentivos para enviar estudantes da pós-graduação para estágios no exterior, trazer alunos estrangeiros, ampliar a dupla titulação e aumentar o número de doutorandos fora do país.
“O objetivo é que a USP consolide sua posição como instituição de classe mundial. Atualmente, temos 380 convênios acadêmicos em vigência e mais 370 em tramitação”, disse.
Eventos comemorativos
Uma série de eventos e homenagens marcará o aniversário. No dia 25 de janeiro, às 20 horas, será realizado o Concerto Comemorativo dos 75 anos da USP, no Teatro Alfa, em São Paulo.
O Hino da Universidade de São Paulo será apresentado pela primeira vez pela Orquestra Sinfônica da USP e pelo Coral da USP, sob regência do maestro Julio Medaglia, que compôs recentemente a música – a letra é de Paulo Bomfim.
No dia 26, a partir das 14 horas, uma sessão solene do Conselho Universitário será realizada no Memorial da América Latina, com o lançamento da exposição USP em obras – A construção da Cidade Universitária, que reúne 60 imagens em grande formato, pertencentes ao acervo da universidade, abrangendo o período de 1952 a 1972.
“No dia 26 também serão realizadas homenagens a diversas personalidades que ajudaram a construir a USP. Esse reconhecimento às pessoas que deram sua contribuição à instituição é um dos três aspectos que nortearam as comemorações. Os outros dois são o aumento da visibilidade junto ao público e as perspectivas para o futuro”, disse Solange.
O antropólogo e filósofo francês Claude Lévi-Strauss, que integrou a missão estrangeira a partir de 1935 e neste ano completa 100 anos, será homenageado com o título de doutor honoris causa, em data ainda não definida.
Os fundadores da USP também serão homenageados com seminários e uma exposição itinerante. A Editora da USP publicará obras vinculadas a alguns deles. Os campi do interior também terão uma série de eventos comemorativos.
Mais informações sobre a programação comemorativa: http://www.usp.br/75anos