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Ministro quer reforma imediata na Educação (1 notícias)

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O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, afirmou ontem, em Buenos Aires, que espera ver aprovada ainda neste semestre a reforma constitucional na área de Educação. As propostas do governo incluem a autonomia financeira para as 37 universidades públicas do país e o enxugamento do quadro de professores e funcionários das instituições federais de ensino. O ministro classificou de "revoltante" a entrevista publicada na edição de ontem do JORNAL DO BRASIL com a estudante Luciana Soares da Silva, 17 anos, aluna do Colégio Estadual Paulo de Frontin, na Tijuca. Inscrita na 3ª série do 2° grau, Luciana queixou-se em carta ao JB, semana passada, que a falta de professores está prejudicando seriamente sua preparação para o vestibular. "Não dá mais para fazer de conta que está tudo bem na Educação", afirmou o ministro. Quando lhe perguntaram que pressões o governo federal poderia exercer sobre estados e municípios para evitar o êxodo de professores, Paulo Renato argumentou que "não pode existir maior pressão do que anunciar que a coisa vai mal". (Pá4gina 4) FALTA DE PROFESSOR REVOLTA O MINISTRO MÁRCIA CARMO - Correspondente BUENOS AIRES - "Revoltante". Assim o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, classificou a situação da estudante Luciana Soares da Silva, que em entrevista ao JORNAL DO BRASIL, contou que, por falta de professores, a oito meses do vestibular não tem aulas de Biologia, Geografia, Literatura e outras disciplinas. "Isto não poderia estar acontecendo no Brasil", disse o ministro. Pelos planos de Paulo Renato, a reforma educativa poderá ser votada ainda no primeiro semestre, depois da reforma administrativa, e inclui a autonomia financeira das 37 universidades públicas e enxugamento do quadro de funcionários e professores. "Ao longo de muitos anos construímos uma idéia errada para justificar a má qualidade do ensino e os altos índices de analfabetismo", afirmou. "A situação vivida por esta e outras estudantes mostra que temos que enfrentar o problema de frente. Não dá mais para fazer de conta que está tudo bem na educação". Pressão - Quando perguntado sobre as pressões que poderia exercer contra os estados e municípios para impedir a continuação da falta de professores, ele respondeu: "Pressão? Não pode existir maior pressão do que anunciar que a coisa vai mal". Ele disse que cabe à sociedade cobrar maior respeito e responsabilidade das autoridades. E lembrou que o ministério não tem ingerência na administração do sistema estadual e municipal. O ministro disse que para aumentar o número de professores, qualificados de 1° e 2° graus será lançado um curso rápido que permitirá, por exemplo, aos médicos que ensinem Biologia. Esta proposta de simplificar a especialização de professores será discutida no mês que vem no Conselho Nacional de Educação. Nos últimos três dias, Paulo Renato, que embarcou ontem a tarde de volta ao Brasil, foi um dos coordenadores dos debates sobre a educação na América Latina, na assembléia anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Segundo ele, os resultados preliminares da pesquisa realizada em 27 estados com 124.870 alunos pelo Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Básico (SAEB), e que serão divulgados por completo até junho, permitem uma radiografia do quadro estudantil entre crianças da Ia série do ensino fundamental até a 3ª do 2ª grau - na análise, elas apresentaram pouca habilidade de leitura e, dificuldades para aprender matemática. A próxima etapa da pesquisa do Ministério da Educação, como informou o ministro, permitirá a comparação do grau do ensino entre os estados e com os últimos dados registrados em levantamentos semelhantes que foram realizados em 1990 e 1993.