Cuiabá - O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) vai defender junto aos senadores a liberação das pesquisas com células-tronco de embriões humanos, anunciou o ministro Eduardo Campos, em seu pronunciamento na 56ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Ele argumentou que estas pesquisas são fundamentais para o desenvolvimento científico do País.
"Há resistências localizadas contra a liberação dessas pesquisas, essenciais para o desenvolvimento da ciência brasileira", disse Campos. "O MCT vai atuar firmemente em favor da liberação, no que, tenho certeza, terá o apoio da SBPC e da Academia Brasileira de Ciências."
O ministro também anunciou que, até 2007, o setor de ciência e tecnologia terá investimentos de R$ 37,6 bilhões, o que representa 54% a mais do que os R$ 24,4 bilhões, empregados de 2000 a 2003. Os recursos, disse ele, integram o plano estratégico do ministério.
Posição
Foi a primeira vez que o MCT se posicionou oficialmente sobre a polêmica das pesquisas com embriões. A SBPC e instituições de peso, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) já se mobilizaram para mostrar aos senadores a importância de eliminar restrições às pesquisas com células-tronco, voltadas à busca de tratamento para doenças como Alzheimer, Parkinson, diabetes, entre outras.
O Senado está analisando a Lei de Biossegurança, que trata deste assunto - entre outros - e há a possibilidade de adicionar uma emenda liberando as pesquisas com embriões humanos. O texto da lei, aprovado em fevereiro na Câmara dos Deputados, proíbe estas pesquisas.
Resistência
A utilização de células-tronco de embriões humanos enfrenta forte resistência de grupos religiosos como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e os evangélicos, que têm uma bancada considerável no Congresso. O texto da Lei de Biossegurança foi definido na Câmara em meio a desinformação e temores de que os dentistas quisessem clonar seres humanos. A CNBB divulgou nota recentemente argumentando que embriões humanos são seres vivos, e que não podem ser manipulados por cientistas.
Os pesquisadores pedem que a lei autorize o uso de embriões congelados nas clínicas de fertilização assistida - que são jogados no lixo depois de algum tempo. Também pedem o direito de produzir embriões clonados dos próprios pacientes, para que as células-tronco extraídas provoquem menor rejeição.
Os cientistas usam embriões até o estágio de blastocisto, quando são um aglomerado de algumas dezenas de células in vitro.
Notícia
Correio do Estado (Campo Grande, MS)