Notícia

Gazeta Mercantil

Ministro anuncia programa para informatizar escolas

Publicado em 16 agosto 1996

Por Fátima Laranjeira - de São Paulo
O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, anunciou ontem que irá lançar em setembro um programa de informatização das escolas públicas, que envolverá 300 mil unidades - um terço das quais a ser contemplado na primeira fase do projeto. O Ministério da Educação deverá oferecer recursos a serem usados em parceria com estados e municípios, mas os detalhes do programa não foram adiantados por Paulo Renato, que participou do seminário "Reinventando o ensino superior: o impacto da alta tecnologia na educação", realizado ontem em São Paulo, pela Andersen Consulting, Fundação Bradesco e Gradiente. De acordo com o ministro, que em 8 de setembro lança também em 32 cidades do Norte e Nordeste o programa Alfabetização Solidária, junto com a Comunidade Solidária, o uso de tecnologias modernas deve ajudar o País a dar um salto de qualidade no ensino: "Pretendemos informatizar todas as escolas da quinta série ao segundo grau, mas estamos aqui para conhecer novas experiências", disse. O seminário mostrou uma nova proposta de treinamento de executivos desenvolvida pela Andersen Consulting, com base nas idéias de Roger C. Schank, diretor do Instituto de Ciência da Educação da Northwestern University, de Chicago. EUA. Schank critica a forma e o conteúdo usados pela escola atualmente para transmitir o conhecimento e o uso indiscriminado da informática, sem objetivos definidos ou softwares especialmente desenvolvidos: "Existem apenas um ou dois programas especiais para a educação, e a maioria das pessoas e das escolas usa o computador sem objetivos claros", afirmou. Para ele, o ensino hoje é muito entediante e os alunos só aprendem para fazer os testes, esquecendo posteriormente as informações. "Precisamos ensinar o que realmente vai interessar ao aluno", disse. Schank defende um tipo de ensino "one by one", não massificante, no qual o professor estivesse trabalhando apenas com um aluno. Como isso seria impossível, ele desenvolveu softwares multimídia, em que o aluno "escolhe" o que quer aprender. No entanto, essa mudança, segundo ele, sofre resistências, principalmente por parte do "interesse econômico": "Também os editores terão de perder todo seu investimento e os, professores vão precisar aprender a trabalhar de outra forma", ressalta. Apesar das resistências, o Instituto de Ciência da Educação tem desenvolvido novos processos de ensino corporativo e militar e começou a trabalhar com a Andersen Consulting há cinco anos, quando o diretor do Centro de Educação da empresa, John Smith, notou que os consultores em treinamento ficavam aborrecidos com as aulas. A constatação de que era necessário dar um salto de qualidade no treinamento foi encampada pela empresa, que passou a envolver 75% da verba do setor no novo projeto. Segundo Smith, a Andersen Consulting investe no treinamento de seus 40 mil funcionários em todo o inundo 6,5% de seu faturamento, que em 1995 alcançou US$ 4,2 bilhões. O método de treinamento com programas multimídia é atualmente o centro do ensino na empresa, embora só esteja implementado em cerca de 15% dos suas horas-aula. É a pedagogia do "learning by doing", ou seja, o aluno deve aprender desenvolvendo novas habilidades. "Hoje, notamos que os funcionários treinados no novo método estão mais dedicados a aplicar na prática o que foi aprendido, o que é essencial, porque vendemos idéias e resultados", salienta Smith.