Ideia revelada pela ministra Nísia Trindade é que o país conte com a produção nacional da Qdenga, que é importada do Japão, e incorpore a vacina desenvolvida pelo Butantan no SUS
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, revelou neste sábado (03) que há conversas para que a oferta de vacinas contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS) seja ampliada em breve. Neste ano, o Brasil será o primeiro país do mundo a distribuir gratuitamente o imunizante contra a doença gratuitamente, no entanto, a quantidade que começam a chegar ao país ainda é pequena e medida não é capaz de surtir efeito no momento atual em que o Brasil atravessa uma explosão de casos da doença transmitida pelo aedes aegypt.
A ministra esteve reunida com o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, e o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, para viabilizar uma parceria estratégica visando aumentar a produção de vacinas de dengue no Brasil. O objetivo do Ministério da Saúde é coordenar esforços para ampliar o acesso de toda população às vacinas Qdenga, produzida pelo laboratório japonês Takeda, e Butantan-DV, que está em desenvolvimento pelo Instituto Butantan. As duas instituições manifestaram interesse em atuar em conjunto para acelerar a produção de vacinas no Brasil.
“Tivemos uma reunião importante com o diretor do Butantã e da Fiocruz para ampliação da vacinação, considerando a vacina já incorporada, a Qdenga, e a vacina do Butantã. Então, vamos estar trabalhando juntos. No caso da Fiocruz, não só com a sua capacidade própria, mas também nos ajudando a organizar possíveis parceiros privados para ampliação da vacina”, revelou a ministra.
A candidata à vacina de dengue produzida pelo Instituto Butantan mostrou eficácia de 79,6% em dose única, conforme resultados recém-publicados do ensaio clínico de fase 3. O Ministério da Saúde também vai apoiar o Instituto Butantan nos próximos passos para a aprovação da vacina para chicungunya - uma inovação global para a prevenção desta doença, que deverá estar disponível no próximo ano.
Vacinas produzidas no Brasil
A primeira remessa de vacinas contra a dengue, com 757 mil doses, chegou ao Brasil em 20 de janeiro. O lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses fornecidas pela farmacêutica japonesa Takeda. Outra remessa, com mais de 568 mil doses, está com entrega prevista para fevereiro.
O Ministério da Saúde também adquiriu o quantitativo total disponível pelo fabricante para 2024: 5,2 milhões de doses. De acordo com a empresa, a previsão é que sejam entregues ao longo do ano, até dezembro. Para 2025, a pasta já contratou outras 9 milhões de doses. A ideia do Ministério da Saúde é produzir essa vacina no Brasil com o apoio da Fiocruz.
A vacina é aplicada em duas doses, com um intervalo de três meses. Por conta da limitação do número de doses, a vacina será aplicada, inicialmente, apenas na população de regiões endêmicas, em 521 municípios, a partir deste mês. A imunização terá como público-alvo as crianças e os adolescentes de 10 a 14 anos.