Na última segunda-feira (2), durante um evento do Grupo de Trabalho (GT) Saúde no G20 em Natal (RN), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, fez uma afirmação que chamou atenção e gerou críticas: segundo ela, “não há condições de eliminar a dengue” do Brasil. A declaração foi recebida com desconfiança por especialistas e ativistas da área da saúde, que consideram que a abordagem pessimista pode desmotivar esforços e investimentos no combate à doença.
Nísia Trindade argumentou que a dengue “aparece há 40 anos”, variando em intensidade ao longo dos anos, e que a situação atual é resultado de uma “ampliação muito grande” da escala do problema. A ministra defendeu um plano de controle que inclui o uso de tecnologias como a Wolbachia, uma bactéria que reduz a capacidade dos mosquitos de transmitir o vírus, além de destacar a vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan como uma “grande aposta” do governo Lula.
Contudo, a declaração da ministra tem sido criticada por especialistas que argumentam que a eliminação da dengue é uma meta possível, embora desafiadora. Eles ressaltam que uma abordagem mais otimista e a continuidade dos investimentos em pesquisa, prevenção e controle são essenciais para avançar na luta contra a doença. A visão de que a dengue é um problema insuperável pode ser prejudicial, pois pode enfraquecer a mobilização social e a vontade política necessárias para implementar medidas eficazes.
Enquanto o governo aposta na combinação de tecnologias inovadoras e vacinas como soluções, a ausência de um plano mais ambicioso e a falta de um comprometimento claro com a erradicação total da dengue podem enfraquecer os esforços necessários para controlar efetivamente a doença no país.