O Ministério da Saúde anunciou ontem que mais de 60 milhões de unidades da primeira vacina 100% nacional e de dose única contra a dengue serão ofertadas anualmente a partir de 2026 . A produção da vacina será viabilizada por uma parceria entre o Instituto Butantan e a empresa WuXi Biologics, com investimento previsto de R$ 1,26 bilhão.
O Butantan submeteu o pedido de registro da vacina à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em dezembro de 2024 e aguarda o parecer do órgão. Quando aprovada, a Butantan-DV será a primeira do mundo em dose única e poderá ser aplicada em pessoas de 2 a 59 anos . Nos ensaios clínicos, o imunizante demonstrou 79,6% de eficácia geral para prevenir casos de dengue sintomática e uma proteção de 89% contra dengue grave ou com sinais de alarme.
Com a produção do imunizante, o objetivo do governo é ampliar a proteção contra a doença. O Brasil foi o primeiro País do mundo a oferecer um imunizante contra a dengue na rede públic a, a vacina Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda. Mas, devido ao número limitado de doses, só crianças e adolescentes de 10 a 14 anos de 521 municípios selecionados foram incluídos no programa de vacinação.
"É fundamental que, dentro das estratégias de controle da doença, tenhamos mais vacinas disponíveis", concorda Juarez Cunha, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). "A partir do momento que tivermos um outro produtor, em especial sendo um produtor nacional, vai ser muito importante ampliar a faixa etária de utilização da vacina", explica Cunha.
O ministério também informou que pretende produzir no Brasil a vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR) , maior causa de hospitalizações em crianças de até 1 ano e responsável por 60 a 80% dos quadros de bronquiolite e pneumonia na população de até 2 anos.