Objetivo da pesquisa com terapia celular avançada é avaliar a segurança no tratamento de pacientes com dois tipos de câncer: leucemia linfoide aguda B e linfoma não Hodgkin B.
O Ministério da Saúde liberou R$ 100 milhões para o financiamento da pesquisa de desenvolvimento da terapia celular CAR-T Cell, a técnica que combate o câncer no sangue com as próprias células de defesa do paciente modificadas em laboratório, na Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto/USP em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo
"Nosso objetivo é garantir à população mais carente o acesso aos tratamentos mais modernos contra o câncer", afirmou ao g1 o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, Carlos Gadelha. O apoio será por meio do Novo Programa de Aceleração ao Crescimento (PAC-Saúde).
O estudo clínico é financiado pelo Ministério da Saúde, com apoio de estrutura por parte do Butantan e investimento de pesquisa da Fapesp e do CNPq.
Segundo Rodrigo Calado, professor de medicina da USP e diretor-presidente do Hemocentro de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, a partir de janeiro e fevereiro do ano que vem, e por um período de 12 meses, os pacientes serão recrutados. Depois, acompanhados por mais 12 meses para uma análise dos resultados e a solicitação à Anvisa de registro do produto, que poderá ser disponibilizado ao SUS.
Em setembro, o g1 mostrou que o Hemocentro de Ribeirão Preto/USP foi escolhido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser o responsável pelo projeto-piloto no desenvolvimento de produtos de terapia avançada.
O estudo clínico de fase 1/2 vai incluir 81 pacientes com leucemia linfoide aguda de células B e linfoma não Hodgkin de células B, de forma gratuita entenda mais abaixo
Pacientes tratados Já foram tratados com essa terapia de células CAR-T desenvolvidas na USP e no Hemocentro de Ribeirão Preto 20 pacientes com leucemia ou linfoma , sendo que 14 deles continuam bem, de acordo com os médicos. Todos eram casos graves para os quais não havia mais opção terapêutica.
Vamberto Luiz de Castro, o primeiro paciente a realizar o tratamento em 2019, teve remissão total, mas morreu pouco tempo depois em um acidente doméstico.
Outro caso que repercutiu neste ano foi o de Paulo Peregrino, de Niterói, no Rio de Janeiro, que fez o tratamento de forma compassiva, ou seja, por meio de uma autorização da Anvisa, de forma individualizada, para pessoas que já tinham esgotado todos os tratamentos aprovados possíveis.
O publicitário combatia o câncer havia 13 anos e teve remissão completa do linfoma em 30 dias com CAR-T Cell . Paulo estava prestes a receber cuidados paliativos quando, entre março e abril, foi o 14º paciente a ser tratado pela terapia, em São Paulo.
Quem pode se candidatar? A parceria entre as instituições resultou na construção de duas unidades do Núcleo de Terapia Avançada (Nutera) em Ribeirão Preto e na capital paulista. Apenas a “fábrica de células” de Ribeirão Preto está em operação e será responsável por atender a demanda de participantes do estudo . No futuro, poderão ser atendidos até 300 pacientes ao ano.
O estudo clínico é focado especificamente em pacientes com leucemia linfoide aguda de células B e linfoma não Hodgkin de células B que não responderam ou apresentaram o retorno da doença após a primeira linha de tratamento convencional, como quimioterapia e o transplante de medula óssea.
A técnica brasileira não tem efetividade em outros tipos de cânceres sólidos, além dos tipos citados acima.
Segundo os pesquisadores, o paciente que acredita preencher os requisitos deve conversar com o seu médico e pedir que ele entre em contato pelo e-mail: terapia@hemocentro.fmrp.usp.br
Deve ser anexado o relatório de saúde do candidato, e o material será avaliado pelas equipes . Se o caso se enquadrar no estudo, o médico responsável pelo paciente será avisado.