Até esta quarta-feira (18), o Brasil registrou 6,53 milhões de casos prováveis de dengue, 5.360 mortes causadas pelo vírus e 1.867 óbitos em investigação apenas este ano – número que supera em três vezes o total de mortes causadas pela doença.
Para que este cenário não se repita, o Ministério da Saúde antecipou o início da campanha contra a dengue em coletiva de imprensa com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Todo verão somos intimados pelo crescimento da dengue e de outras doenças e dessa vez, com a questão climática evoluindo, com o planeta mais aquecido, nós resolvemos antecipar o lançamento da campanha para que a gente tenha tempo, não apenas o Ministério da Saúde e as questões científicas que o ministério pode acionar, a estrutura do SUS, a estrutura de toda rede do MS possa funcionar, nos precisamos antes preparar a sociedade brasileira”, iniciou o chefe de Estado.
Ao detalhar a apresentação do Movimento Nacional de Enfrentamento à Dengue e Outras Arboviroses, a ministra da Saúde Nísia Trindade contou que a estratégia está dividida em seis eixos: prevenção; vigilância; controle vetorial; organização da rede assistencial; preparação e resposta às emergências; e comunicação e participação comunitária.
Uma das grandes apostas da pasta para evitar o surto de dengue no país é a participação sistemática de pesquisadores na elaboração e implementação de ações para coibir o vírus.
Tecnologia
Entre elas está o Info Dengue, sistema de alerta desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) que permite o estudo de cenários.
“Importante destacar que, no estudo feito neste momento, aponta-se para uma situação em 2025 que não será de maior gravidade do que a de 2024”, afirmou a ministra.
Neste momento, a aposta do ministério é a de que as regiões Sul e Sudeste concentrem o maior número de casos no próximo ano. No Sul porque grande parte da população não teve contato histórico com o vírus. Já no Sudeste, em função da circulação do vírus do sorotipo 3, que não circulava no país há cerca de 15 anos. Boa parte da população, consequentemente, não tem anticorpos específicos para a subclasse deste tipo de dengue.
“O nosso objetivo é reduzir os casos prováveis e o número de mortes, porque dengue é uma doença conhecida, é possível evitar essas mortes. Nossos objetivos específicos são preparar a população para o enfrentamento, desenvolver e implementar novas tecnologias e preparar a rede de atenção à saúde”, ressaltou a ministra.
Vacina
Nísia Trindade reforçou ainda que entre os objetivos da campanha estão a preparação da população para o enfrentamento da doença, assim como da estrutura da rede para atender a demanda.
Ela ressaltou ainda que a dengue se tornou um problema mundial, tendo em vista que 200 países já registraram casos da doença – tanto que o Ministério da Saúde do Uruguai pediu orientação ao governo brasileiro para estruturar o atendimento médico.
Já em relação à vacina, Nísia anunciou a compra de nove milhões de doses da vacina Takeda para o SUS, que serão distribuídos de acordo com estudos e cenários apresentados por municípios e Estados.
Existe ainda a possibilidade de que a Fiocruz passe a produzir no país a Takeda. Já o Instituto Butantan encaminhou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a própria vacina. Se aprovada, a expectativa do MS é a produção de um milhão de doses ainda em 2025.