Microalgas da espécie Monoraphidium contortum demonstram eficácia na remoção de resíduos de antibióticos da água, especialmente sulfametoxazol e trimetoprima . Esta descoberta é crucial para a mitigação da contaminação ambiental, prevenindo impactos severos tanto nos ecossistemas quanto na saúde humana.
Pesquisadores da Universidade Federal do ABC (UFABC) Universidade Federal de Itajubá (Unifei) e Universidade de São Paulo (USP) realizaram um estudo colaborativo com o apoio da FAPESP . O trabalho, publicado no Biochemical Engineering Journal , explorou duas abordagens principais.
Na primeira, a microalga foi cultivada em um fotobiorreator sob a presença de antibióticos comuns no Brasil, os quais frequentemente estão presentes em efluentes e corpos d'água que não foram adequadamente tratados. O professor Marcelo Chuei Matsudo , do UFABC, destacou que, em baixas concentrações — típicas de efluentes — não houve impacto negativo no crescimento da microalga. Ela conseguiu remover entre 27% a 42% dos medicamentos presentes no meio, promovendo ainda a produção de biomassa com potencial para a geração de
Em outra vertente da pesquisa, o pesquisador Marcus Vinicius Xavier Senra conduziu o sequenciamento do genoma da Monoraphidium contortum . Utilizando ferramentas de bioinformática , foram identificados genes responsáveis pela produção de enzimas que podem degradar esses poluentes.
Embora os resultados sejam promissores, Matsudo ressalta que ainda é necessário investigar como a microalga se comporta em condições naturais, como em efluentes de estações de tratamento. Assim, a pesquisa avança para compreender melhor sua eficácia em diferentes contextos.
Os antibióticos frequentemente não são totalmente metabolizados por humanos e animais. A parte residual é excretada e chega às estações de tratamento de esgoto, onde, na maioria dos casos, não são removidos pelos processos convencionais, provocando contaminações que afetam tanto ecossistemas aquáticos quanto a saúde pública, com o surgimento de cepas resistentes
A necessidade de tecnologias eficazes para a remoção de micropoluentes é premente. Embora soluções como ozonização adsorção de carvão ativado , e processos avançados de oxidação tenham sido testadas, seus altos custos e a geração de subprodutos tóxicos limitam a implementação.
Nesse contexto, a biorremediação com microalgas surge como uma abordagem promissora voltada para o tratamento de efluentes e águas residuais. O estudo conclui que a Monoraphidium contortum pode desempenhar um papel fundamental neste cenário, contribuindo para um ambiente mais saudável e sustentável.
Para mais detalhes, acesse o artigo completo "Unveiling the antibiotics removal ability of Monoraphidium contortum" no
Informações da Agência FAPESP
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