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Agência C&T (MCTI)

Método na Unesp destrói corantes descartados na água (1 notícias)

Publicado em 28 de junho de 2008

Pesquisadores do Instituto de Química (IQ) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) criaram novo método para a degradação de corantes químicos despejados na natureza por indústrias têxteis. De acordo com a coordenadora do projeto de pesquisa, a professora Maria Valnice Zanoni, o trabalho foi impulsionado pelo objetivo de evitar danos à flora e à fauna dos ecossistemas aquáticos, além de minimizar o risco à saúde causado pela água descartada na natureza após processos industriais com aplicação de corantes em tecidos e fibras. A pesquisa teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Trata-se de um método fotoeletroquímico, capaz de destruir os corantes em efluentes, evitando a contaminação de reservatórios e estações de tratamento de água. O estudo foi baseado em descobertas recentes feitas em parceria com pesquisadores dos câmpus da capital e de Ribeirão Preto da USP, sobre propriedades toxicológicas e mutagênicas de alguns corantes utilizados pela indústria têxtil nacional.

“Consiste basicamente no acoplamento de técnicas eletroquímicas e fotoquímicas que promovem a degradação completa dos corantes, transformando-os em dióxido de carbono e água. A próxima fase do estudo será a criação de um protótipo industrial do método para aplicação em larga escala”, informa Maria Valnice.

Águas contaminadas – Um dos efeitos mais preocupantes dos corantes são os problemas relacionados à degradação parcial e ao processo de transformação biológica pelo qual podem gerar outras substâncias, com propriedades cancerígenas. Segundo a especialista, isso ocorre porque eles apresentam estruturas moleculares diversificadas, com grau de pureza reduzido, baixa eficiência de fixação na fibra e grande quantidade de aditivos químicos, utilizados no processo de tintura.

Maria Valnice diz que, além de remover e destruir os corantes nas águas de efluentes e estações de tratamento, o método consegue identificar essas substâncias até mesmo na água própria para consumo. “Isso porque, mesmo em baixas concentrações, há o risco de essas águas terem derivados com propriedades nocivas”, explica.

A pesquisadora ressalta que há um gargalo na área, embora as preocupações sobre a toxicidade dos corantes têxteis sejam extremamente relevantes para a saúde humana e para o meio ambiente. “Mesmo com a escassez de literatura e com poucas pesquisas concluídas sobre o assunto, nos últimos anos a comunidade científica mundial tem se mobilizado para o desenvolvimento desses métodos para a completa degradação dos corantes na natureza. Os efluentes contaminados por corantes, aditivos químicos e seus derivados são um problema social, econômico e de saúde pública”, afirma.

Maria Valnice apresentou o método e discutiu os gargalos e desafios tecnológicos do setor na palestra Corantes: importância do monitoramento e remoção para a saúde humana e proteção ambiental, durante a 31a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, no final de maio, em Águas de Lindóia.

Da Agência Fapesp