Uma metodologia inédita no Brasil para calcular valores de seguros contra inundações urbanas foi criada por pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP. O método combina dados sobre chuvas, vazão das águas e levantamentos econômicos das regiões das bacias hidrográficas para estimar o impacto das enchentes e otimizar a gestão dos recursos investidos nos seguros.
"A metodologia é integrada por cinco componentes: hidrológico, econômico, hidroeconômico, eficiência financeira e protocolo de gestão de risco para inundações", diz o professor da EESC, Eduardo Mario Mendiondo, que coordenou os estudos.
"Para estimar o potencial de alagamento e altura que podem atingir as águas, é necessário criar uma curva de dados a partir da freqüência de chuvas intensas, sua duração, severidade e a vazão dos rios em cada bacia hidrográfica", explica.
Mendiondo esclarece que por meio do componente econômico são calculados os danos causados a residências e estabelecimentos comerciais para diferentes alturas da lâmina d'água. "No local da construção são avaliados o capital total do lote, as perdas materiais em caso de inundação e a disposição do proprietário quanto ao pagamento do seguro", relata.
A simulação de cenários de inundações é feita com o componente hidroeconômico. "É possível simular diferentes graus de cobertura do sinistro, conforme o valor pago pelo segurado, estimando séries hidrológicas em um período de
O método também envolve a construção de curvas de eficiência e solvência financeira para administração do fundo de seguro, seja em empresas privadas ou como política pública, e um protocolo de gestão de risco para inundações. "O protocolo é usado para facilitar a tomada de decisões sobre o seguro, evitando limitações de ordem econômica, social, cultural e dos estudos hidrológicos."
Segundo o professor, entre 4% e 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil é comprometido diretamente pelo impacto de inundações urbanas, valor que pode chegar a 12% com os custos indiretos. "Com políticas públicas adequadas, cada R$ 1 investido em prevenção, a longo prazo, economizaria R$ 30 em despesas de reconstrução."
A metodologia já foi testada em bacia hidrográfica urbana experimental de São Carlos e atualmente pesquisada em bacias de São Paulo, e regiões do Sul e do Nordeste do Brasil, inclusive bacias transfronteiriças da América Latina. Todo o método será disponibilizado no próximo Encontro Nacional de Águas Urbanas, que será realizado
As pesquisas do Núcleo Integrado de Bacias Hidrográficas (NIBH) do Departamento de Engenharia Hidráulica e de Saneamento da EESC tem o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Os estudos também tiveram a cooperação da cooperação das universidades federais de São Carlos (UFSCar), Minas Gerais (UFMG), Santa Catarina (UFSC), Rio Grande do Sul (UFRS), Rio Grande do Norte (UFRN) e Alagoas (UFAL).
As informações são da assessoria de imprensa da USP.