Locais no cérebro com os quatro subtipos moleculares do meduloblastoma. As equações de fundo representam os algoritmos utilizados na classificação
Tecnologia diagnóstica para tumores cerebrais em crianças a um baixo custo, essa é a proposta de pesquisadores da USP em Ribeirão Preto que acabam de transformar seus achados em uma startup. Batizada de NEOGENYS, a nova empresa desenvolve uma plataforma para que o método, que usa tecnologia de ponta, fique acessível a países em desenvolvimento.
A decisão de agilizar o processo de transferência tecnológica para a sociedade foi tomada por Gustavo Alencastro Veiga Cruzeiro e seu colega e sócio Ricardo Bonfim. Idealizador do método, Cruzeiro acredita poder ajudar a melhorar a qualidade de vida de crianças com tumor maligno no cerebelo.
Segundo o pesquisador, a “abordagem molecular” é eficaz na definição do tipo do subtipo do tumor e indicação do melhor tratamento, já que o meduloblastoma, tumor maligno do sistema nervoso central mais comum em crianças, se manifesta em vários tipos, requerendo diferentes terapias, menos ou mais agressivas.
Essa abordagem é utilizada em países desenvolvidos. Ela consegue verificar o subgrupo do tumor, com informações precisas para escolha de tratamentos de maior ou menor intensidade. Aqui no Brasil, sem os caros métodos de classificação molecular, aplica-se, na maioria das vezes, o mesmo protocolo de tratamento a todos os casos: ressecção do tumor, quimioterapia e radioterapia. Assim, um paciente que talvez não precisasse de radioterapia, por exemplo, “acaba recebendo o tratamento que, mesmo eliminando o tumor, pode afetar a qualidade de vida da criança para sempre”, conta o pesquisador.
Por acreditar que países como a Índia, além da América Latina e da África, possam se beneficiar do método de baixo custo que obteve em seus estudos, Cruzeiro se uniu a seu colega Ricardo Bonfim para criar a NEOGENYS, startup que acaba de ser selecionada pelo programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas da Fapesp (PIPE/Fapesp). Por enquanto, os pesquisadores planejam utilizar o laboratório do Hospital das Clínicas/departamento de pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Mas aguardam o processo de incubação, em andamento, no Supera Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto.
O novo método para classificar diferentes tipos de meduloblastoma foi desenvolvido durante as pesquisas para o doutorado de Cruzeiro que trabalhou sob orientação do professor da FMRP/USP Luiz Gonzaga Tone e contou com colaboração de colegas de instituições suíças e alemãs. Os resultados da pesquisa foram publicados na edição de março da revista Acta Neuropathologica Communications e também podem ser conferidos pela publicação de 14 de junho da Agência Fapesp.
Mais informações: gavcruzeiro@gmail.com