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Mercado de carros elétricos tem desempenho abaixo do esperado

Publicado em 06 janeiro 2012

São Paulo, 06/01/2012 - Os mais recentes modelos de veículos elétricos estão enfrentando problemas no mercado, e seu avanço é prejudicado pelo preço elevado e por gargalos nos componentes.Em seu primeiro ano completo de vendas, o Nissan Leaf e o Chevrolet Volt, da General Motors -os primeiros de uma nova geração de carros acionados por baterias recarregáveis-, apresentaram vendas inferiores às esperadas pelas duas montadoras: um total agregado de 30 mil unidades.

O Volt, cujo desenvolvimento a GM acelerou em um processo que a companhia comparou com a "corrida à Lua", sofreu um revés depois que as baterias de algumas unidades pegaram fogo horas ou dias depois de colisões de teste.

A montadora norte-americana afirma que o risco está sob controle, em parte graças a um procedimento que corta a energia das baterias de carros que sofram colisões.

Mas ainda antes que o problema emergisse a GM já havia reconhecido que não conseguiria cumprir sua meta de vendas para o Volt no ano passado: 10 mil unidades.

Já o Nissan Leaf teve suas vendas prejudicadas por gargalos na distribuição e pelo terremoto no Japão.

O modelo vendeu 20 mil unidades nos 12 meses até novembro de 2011.

"Um pouco menos que esperávamos", diz Andy Palmer, vice-presidente de planejamento estratégico da montadora.

No entanto, o grupo japonês informou que o interesse pelo modelo foi forte o bastante para que a montagem de 40 mil Leafs esteja planejada para 2012.

A GM informou que planeja elevar acentuadamente a produção do Volt neste ano.

As montadoras e analistas setoriais dizem que ainda é cedo demais para formar um veredicto sobre uma tecnologia cujo potencial será realizado ao longo de décadas e não anos.

As modestas vendas iniciais dos carros elétricos resultam em larga medida do baixo número de modelos disponíveis, que crescerá em 2012 quando Toyota, Renault, BMW, Daimler e outras montadoras lançarão carros elétricos ou híbridos recarregáveis em tomada.

Mesmo assim, muitos analistas -até mesmo aqueles que confiam que os carros elétricos se provarão alternativa viável aos modelos convencionais, em longo prazo- estão reduzindo suas projeções de vendas devido à lenta adoção inicial dos primeiros modelos que chegaram ao mercado.

Adam Jonas, analista da Morgan Stanley, concluiu que os carros elétricos "não estão prontos para o horário nobre" e reduziu sua expectativa de penetração de mercado em 2025 a 4,5%, ante projeção anterior de 8,6% (Folha de S.Paulo, 5/1/12)

Óleo nanoencapsulado contra pragas agrícolas

O nim ou neem (Azadirachta indica), planta natural do sudeste da Ásia, é considerado uma fonte promissora para a produção de inseticidas orgânicos. Na agricultura, essa árvore da família Meliaceae é utilizada em diversas regiões para o controle de pragas, agindo sobre cerca de 400 espécies de insetos.

Com crescimento rápido e copa densa, o nim chega a alcançar 15 metros e pode ser cultivado em regiões de clima quente e solos bem drenados. No Brasil, as primeiras introduções feitas de forma oficial foram pela Fundação Instituto Agronômico do Paraná, em 1986, com sementes procedentes das Filipinas e, em 1989, com sementes da Índia, Nicarágua e República Dominicana. Na década seguinte, suas propriedades se tornaram mais conhecidas, dando início a plantios comerciais em diversos estados.

Especialistas apontam que sua extração no Brasil ainda precisa de ajustes. O óleo extraído por aqui, por exemplo, tem seu princípio ativo (a azadiractina) degradado quando exposto ao sol. Mas um projeto de pesquisa conduzido em São Carlos conseguiu otimizar o processo de extração e, por meio da nanoencapsulação do óleo, preservar as propriedades inseticidas do nim.

"Essa instabilidade da azadiractina sob a radiação solar é algo por demais dispendioso na lavoura, uma vez que o agricultor tem de aplicar diversas vezes o óleo", disse Maria Fátima das Graças Fernandes da Silva, professora do Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), à Agência FAPESP.

Ela coordena o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Controle Biorracional de Insetos Pragas, financiado pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que tem por objetivo estudar compostos não tóxicos ao ser humano e que possam controlar doenças e o comportamento de pestes na agricultura.

Entre as pesquisas do INCT, está o estudo "Nano e microencapsulamento de extratos vegetais de Meliaceae para controle de pragas de solo usando ligninas do bagaço de cana-de-açúcar", de Eveline Soares Costa e coordenado por Moacir Rossi Forim, ambos do Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia da UFSCar.

Silva explica que no projeto foram identificadas falhas mecânicas no processo de extração convencional do óleo de nim. Segundo ela, durante o procedimento - que envolve a colheita do fruto e a retirada das sementes -, perde-se cerca de 60% do princípio ativo da planta.

"A extração é feita por um processo conhecido por compressão, que forma uma espécie de `torta´. No entanto, essa torta - na qual se encontra a maior parte da azadiractina - é descartada", disse.

O estudo de Costa consistiu no desenvolvimento de uma metodologia para enriquecimento do óleo de nim. Além dos ajustes no processo de extração do óleo, que rendeu um pedido de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), os pesquisadores desenvolveram um polímero natural de bagaço da cana-de-açúcar para em seguida envolverem - em escala nanométrica - o óleo de nim.

"Esse nanoencapsulamento permite maior proteção ao princípio ativo em relação à radiação solar. Ao ser aplicado, o óleo tem maior tempo de vida no solo, o que representa uma importante economia para o agricultor, que não precisa aplicá-lo várias vezes", ressaltou Silva.

A pesquisa do nanoencapsulamento - que também rendeu um pedido de registro de patente - despertou o interesse da empresa alemã DVA, cuja representante brasileira é responsável pelas vendas no país do óleo de nim oriundo da Índia.

Segundo Silva, a parceria fechada com a empresa deverá acelerar o ingresso do produto nanoencapsulado no mercado. "Como já comercializa o óleo indiano no país, a DVA conta com ensaios de toxicidade e autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Falta apenas o ensaio de toxicidade com o nanoencapsulamento", disse.

Equipe Infoenergia