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Menos floresta, mais agropecuária (3 notícias)

Publicado em 17 de junho de 2021

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Por Tiago Jokura | revista Pesquisa FAPESP

América do Sul perde vegetação natural e ganha pastagens e lavouras nas últimas três décadas e meia

Entre 1985 e 2018, a área ocupada por vegetação nativa na América do Sul encolheu 16% e a das terras dedicadas à pecuária, agricultura e plantio comercial de árvores cresceu, respectivamente, 23%, 160% e 288%. Durante esses 34 anos, 268 milhões de hectares, um território quase igual ao da Argentina, foram modificados pelo homem. A soma da extensão de terras alteradas nesse período e das que tinham sido modificadas anteriormente pela ação humana atingiu, em 2018, 713 milhões de hectares, cerca de 40% da América do Sul. Os dados fazem parte de um estudo coordenado pela geógrafa boliviana Viviana Zalles, da Universidade de Maryland, Estados Unidos, com a colaboração de pesquisadores brasileiros, que foi publicado no final de março no periódico Science Advances. “É como se, nos últimos 34 anos, tivéssemos mudado o uso da terra de uma área média equivalente a 21 campos de futebol por minuto”, compara Zalles.

A mudança de uso da terra significa, geralmente, que uma área de floresta foi desmatada com o intuito de abrir espaço físico para o estabelecimento de uma atividade econômica, como agricultura, pecuária ou uma obra de infraestrutura. Mas, além da expansão da agroindústria sobre antigas áreas de vegetação, o estudo identificou que 55 milhões de hectares de paisagem natural foram alterados aparentemente sem nenhuma finalidade visível. “Essa área modificada é maior do que a Espanha e representa uma perda significativa para o funcionamento do ecossistema sem produzir nenhuma vantagem financeira”, comenta a geógrafa. “É uma situação em que todos perdem, tanto do ponto de vista ambiental como econômico.” No período do estudo, houve um aumento de 60% no tamanho da área modificada pelo homem. No Brasil, cujo território equivale a quase metade da América do Sul, o crescimento da extensão de terras com uso alterado foi o mais elevado do continente, de 64%, e a Amazônia foi o bioma mais impactado. Na Argentina, segundo maior país da região, a dimensão da área de terras com uso modificado subiu apenas 23% no período.

Veja o texto na íntegra: Revista Pesquisa Fapesp