Desde o início da campanha de vacinação contra a dengue em fevereiro, o governo federal distribuiu 4.792.411 doses aos estados e ao Distrito Federal. No entanto, até o último dia 15, apenas 2.341.449 dessas doses foram registradas como aplicadas no Sistema Único de Saúde (SUS), resultando em uma taxa de cobertura de 48,88%. Assim, permanecem 2.448.647 doses sem registro de aplicação.
Os dados foram apresentados por Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, durante a 26ª Jornada Nacional de Imunizações, em Recife.
O balanço revela que, ao longo de pouco mais de sete meses de vacinação contra a dengue no Brasil, 1.819.923 crianças e adolescentes de 10 a 14 anos completaram o esquema vacinal com as duas doses, enquanto 521.497 receberam apenas a primeira. “Há um déficit de pessoas que não fizeram a segunda dose. Parte não teve o tempo ainda. Mas sabemos que muitos já deveriam ter retornado”, observou Eder.
A recomendação do ministério e do fabricante da vacina Qdenga, o laboratório japonês Takeda, é que a segunda dose seja aplicada três meses após a primeira.
Saúde Pública
O diretor do PNI destacou a importância da vacina como uma ação crucial no combate à dengue, mas enfatizou que não deve ser vista como a única solução. Entre os desafios mencionados por Gatti para a introdução da vacina no Brasil estão a baixa disponibilidade e o custo elevado. “O ministério adquiriu todas as doses que o laboratório ofereceu. Compramos tudo”, afirmou. “Com a quantidade limitada, tivemos que priorizar”, acrescentou.
Gatti também criticou a recomendação de agências internacionais, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), para a incorporação do imunizante ao serviço público, apontando que países em desenvolvimento enfrentam acesso restrito a recursos. “Essa tecnologia é cara e não está disponível. Essa é nossa principal crítica à recomendação da OMS”, disse. “Entendemos a recomendação técnica, mas ela precisa se alinhar com a realidade.”
Ele também mencionou a pressão política e popular, bem como a politização das vacinas no Brasil. “A pressão social exigia a incorporação [da vacina da dengue pelo SUS] o quanto antes”, explicou. O ministério planeja ampliar a vacinação contra a dengue em 2025 e já adquiriu 9 milhões de doses para o próximo ano, além de esperar pela incorporação da vacina do Instituto Butantan.