Professores da UFJF, em conjunto com pesquisadores da Universidade de Campinas (Unicamp), produziram a menor liga metálica do mundo, usando ouro e prata O trabalho e inovador na área de nanotecnologia, pois trata-se de pesquisa com a menor espessura possível de um fio de,metal. Este projeto e considerado uma proeza técnica pelos estudiosos, pois trabalha com fios em escalas de milionésimos de milímetros e pode vir a contribuir pan áreas como metalurgia, construção civil e tecnologia no futuro, reduzindo, por exemplo, cabos de conexão de aparelhos eletroeletrônicos. Há duas semanas, um artigo, sobre a liga bimetálica foi publicado na revista "Nature Nanotecnology", o que, segundo os pesquisadores, dá respaldo ao resultado.
Os autores do projeto são os professores do Departamentoo de Física da UFJF, Sócrates de Oliveira Dantas, 45, e Pablo Zimmerman Coura, 39, doutores em ciências e pesquisadores 'do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e integrantes da Unicamp, Douglas Soares e Daniel Ugarte.
Segundo Sócrates, no meio acadêmico, os trabalhos são re conhecidos conforme as publicações. "A Nature' artigos de todo o mundo e possui equipe de árbitros pan analisar se o estudo vale ser divulgado", explicou Sócrates. "A maioria dos trabalhos enviados são negados. É muito gratificante conseguir publicar nosso artigo", disse Pablo.
O que é a pesquisa
O projeto teve início há quatro anos, com estudos teóricos, mas há um ano e meio, as atividades experimentais começaram efetivamente, O trabalho consistiu em criar ligas bimetálicas, nas quais os pesquisadores esticaram 'um fio em escalas mínimas, utilizando equipamentos específicos de visualização. A distensão má cima chegou a apenas três átomos de comprimento. Conforme Sócrates, esta máxima é um desafio, pois não se tem controle dos átomos nesta escala. A inovação sugere quais metais podem ser misturados pan manter uma liga nanométrica estável.
Na prática, esta experiência pode ajudar no transporte de energia elétrica. "Isso servirá pan, no futuro, armazenar e processar informações em um tamanho menor. Além disso, a conexão de objetos, feita hoje por cabos, poderá ser reduzida" Outro beneficio é a melhoria nas conexões de eletroeletrônicos e nas propriedades dos materiais puros, como o aço.
Segundo os pesquisadores, a estrutura da UFJF foi usada pan teoria' e desenvolvimento do sistema da liga bimetálica em computador. A parte experimental foi exercida no Laboratório Nacional de Luiz Síncrotron, em Campinas (SP). O projeto foi financiado por CNPq, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Os custos totais não foram contabilizados, mas, segundo Sócrates, a Fapesp teria injetado cerca de R$ 170 mill, divididos em recursos de bolsas de estudo e projeto teórico, e a Fapemig, R$ 35 mil. Os valores investidos na parte prática não foram divulgados, - mas o equipamento usado custou cerca de "U$ 2 milhões (R$ 432 milhões).
Os estudos continuarão, porém, com outros tipos de metais, "Todo cientista 'busca reconhecimento. Ele pode vir de duas formas: pela comunidade, quando percebe a importância dele, e pelo Governo, quando continua investindo nas pesquisas", destacou Sócrates. "O resultado é uma recompensa pessoal, mas é bom pan a universidade, para nossos alunos e para a sociedade", finalizou Pablo.
A notícia foi comemorada na UFJF. "Um trabalho como este dá credibilidade à universidade, fazendo com que consiga mais apoio, junto aos institutos de pesquisa, declarou, por meio da Diretoria de Comunicação da instituição, o coordenador de pesquisa, José Paulo Mendonça. "Essa área da tecnologia está em voga. Quanto mais apostarmos nela, maior as chances de atrair investimentos"
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Tribuna de Minas