Elas já foram o orgulho do progresso paulista, quando serviam para o transporte de cargas e o desembarque de passageiros nas centenas de municípios que formam o Estado de São Paulo. Mas hoje, pouco se sabe sobre o atual estado das estações que ainda sobraram em pé ou das ferrovias que ainda podem receber trens.
Essa ignorância da população e governos, porém, está com os dias contados por conta de um megaestudo que deve se iniciar ainda neste mês. Fruto da aprovação do projeto "Memória Ferroviária: inventário do patrimônio ferroviário paulista", o levantamento tem coordenação do professor Eduardo Romero de Oliveira, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) do Campus de Rosana.
A proposta acabou de ser aprovada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e até agosto de 2014 deverá mapear e desenvolver um inventário integral do que sobrou das três empresas férreas que atuaram no Estado de São Paulo entre 1868 e 1971: Campinas, da Companhia Mogiana; Sorocaba e Mairinque, da E. F. Sorocabana; e Jundiaí e Rio Claro, referentes à Companhia Paulista. Essa última é a que passa pela RPT (Região do Polo Têxtil). "Estudaremos aspectos do patrimônio material e imaterial, com uma metodologia de estudo do patrimônio cultural que foi considerada pelos avaliadores do projeto da Fapesp como inovadora", adianta Oliveira.
O intuito é que essa base ampla de conhecimento sobre o funcionamento e estruturação das empresas ferroviárias sirva de base para a proteção, conservação, difusão e valorização desses bens, algo que vem sendo discutido desde que as estradas tomaram o lugar nos trilhos no transporte de cargas pelo Brasil, provocando a extinção do transporte ferroviário.
Banco de dados
Estudiosos, prefeitos, historiadores, interessados na história férrea nacional poderão acompanhar todo o desenvolvimento e os resultados do projeto do professor Oliveira. Todos os passos dos estudos ficarão disponíveis num banco de dados no site www.projetomemoriaferroviaria.com.br e nele os pesquisadores interessados poderão realizar buscas de temas e localização de documentação ferroviária.
Pontos de encontro
Aqui na região, o declínio do setor férreo se intensificou a partir dos anos 80 e logo as estações ficaram em estado lastimável, servindo de dormitório para sem-teto e até ponto de venda e uso de drogas.
Apenas na última década os administradores públicos, forçados por grupos de preservação patrimonial, deram início a transformação desses pontos em espaços de cultura, aproveitando a beleza arquitetônica dos lugares e o espaço privilegiado ali existente.
Os cinco municípios da região possuem projetos nesse sentido, o que muda são os diferentes estágios que cada um deles se encontra. Americana e Santa Bárbara transformaram suas estações em centros de cultura. Sumaré e Hortolândia têm projetos em andamento. Já Nova Odessa ainda estuda o que fazer com o prédio que um dia foi um dos mais bonitos da cidade e hoje sofre com o abandono.