Notícia

Encontro online

Melatonina pode ser uma aliada das mulheres que querem engravidar, diz estudo

Publicado em 27 janeiro 2017

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) observaram que a melatonina, hormônio cuja principal função em humanos é regular o sono, tem papel importante no processo de crescimento do folículo ovariano. A descoberta, que pode ajudar no tratamento de mulheres com infertilidade, foi publicada no periódico científico Journal of Ovarian Research.

Além de regular várias funções celulares, a melatonina é responsável por transportar informações sobre a duração do períodos de luz nos dias e a duração das noites, ao longo do ano, permitindo ao organismo responder com mudanças adaptativas às alterações do ambiente. A suspeita de que o hormônio estaria relacionado à maturação do folículo ovariano surgiu do fato de que há três vezes mais melatonina no líquido que o envolve do que na circulação sanguínea. Além disso, as células foliculares possuem receptores de melatonina.

"Descobrimos que a melatonina tem participação importante no processo de chegada de nutrientes, de crescimento das estruturas foliculares e na liberação da produção de esteroides sexuais, que modula o crescimento do folículo ovariano, a unidade básica do sistema reprodutor feminino", explica José Maria Soares Junior, professor associado do departamento de Obstetrícia e Ginecologia da FMUSP.

De acordo com o pesquisador, já havia relatos na literatura científica de que a melatonina pode ajudar no amadurecimento do oócito, a célula feminina que está prestes a se converter num óvulo maduro, interferindo na função ovariana.

Para chegar aos resultados obtidos pelo estudo recente da FMUSP, os pesquisadores estabeleceram, entre fevereiro de 2014 e março de 2015, culturas de células foliculares, cujas camadas são chamadas de granulosa, que foram tratadas com melatonina em laboratório. Foram incluídas na pesquisa 20 pacientes com idade entre 20 e 35 anos.

"Os resultados indicam que a melatonina tem uma participação importante na regulação do crescimento folicular, com consequências numa melhor qualidade oocitária, e sugerem uma possibilidade de tratamento de mulheres com infertilidade relacionada a baixas concentrações do hormônio ou a problemas nos receptores nas células da granulosa", diz José Soares Junior.

Ainda segundo o professor, são necessários novos estudos para que se saiba se o aumento da concentração de melatonina no fluido folicular pode resultar em embriões de melhor qualidade.

(com Agência Fapesp)