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Melatonina pode ajudar tratamento de mulheres com infertilidade (1 notícias)

Publicado em 20 de janeiro de 2017

Estudo da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) revela que a melatonina, hormônio cuja principal função em humanos é regular o sono, atua na formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese) das células foliculares do ovário, relacionadas ao desenvolvimento do óvulo. A descoberta pode ajudar no tratamento de mulheres com infertilidade.

Além de regular várias funções celulares, a melatonina é responsável por carrear informações sobre a duração do fotoperíodo diário, transmitindo dados sobre as variações de luz que ocorrem durante os dias e as noites ao longo do ano e permitindo ao organismo responder com mudanças adaptativas às alterações do ambiente.

A suspeita de que o hormônio estaria relacionado à maturação do folículo ovariano surgiu do fato de que há três vezes mais melatonina no líquido que o envolve do que na circulação sanguínea. Além disso, as células foliculares possuem receptores de melatonina.

A pesquisa, realizada com o apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), avaliou as vias de ação do hormônio no processo e concluiu que a melatonina em altas concentrações pode ter dupla função: além de facilitar a formação de novos vasos sanguíneos, ela aumenta a expressão de fatores de crescimento e citocinas, proteínas que modulam a função de outras células ou da própria célula que as gerou.

Já havia relatos na literatura científica de que a melatonina pode ajudar no amadurecimento do oócito, a célula feminina que está prestes a se converter num óvulo maduro, interferindo na função ovariana. Em seu doutorado na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), José Maria Soares Junior, professor associado da disciplina de ginecologia e vice-chefe do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da FMUSP, trabalhou na caracterização dos receptores de melatonina nos ovários de ratas e sua interação com o estrogênio, hormônio com ação no controle da ovulação.

Durante a pesquisa, foi observado que determinadas concentrações de melatonina nas células foliculares de mulheres submetidas à estimulação controlaram o metabolismo do estrogênio e de outras substâncias relacionadas ao VGS, um fator de crescimento associado à proliferação de células e importante para o amadurecimento do folículo e do oócito.

De acordo com o pesquisador, são necessários novos estudos para que se saiba se o aumento da concentração de melatonina no fluido folicular pode resultar em embriões de melhor qualidade.

Com informações da Agência Fapesp