Considerado o detentor da maior diversidade biológica do planeta, por abrigar 15% a 20% do total das espécies já classificadas pela ciência, o Brasil ainda não conhece totalmente sua fauna e sua flora. Um passo para corrigir esse quadro foi dado pela Fapesp, ao lançar o programa Biota-Fapesp, o Instituto Virtual da Biodiversidade, cujo objetivo é mapear e analisar a diversidade da fauna e da flora do Estado de São Paulo, num projeto que tem um orçamento inicial de R$ 10 milhões e integra, por meio da Internet, 200 cientistas "Ao estudar desde os microorganismos até os seres mais evoluídos, tanto no ambiente terrestre quanto no aquático, o Biota-Fapesp deve se tornar um paradigma para o estudo da biodiversidade em todo o Brasil", diz José Fernando Perez, diretor científico da Fapesp. "O objetivo é formar um banco de dados virtual, que permita a criação de políticas públicas de conservação e uso sustentável da biodiversidade do Estado."
O Instituto de Química (IQ) da UNESP, câmpus de Araraquara, é responsável por um dos projetos aprovados, intitulado "Conservação e Uso Sustentável da Diversidade Vegetal do Cerrado e da Mata Atlântica: diversidade química e prospecção de novas drogas", coordenado pela farmacêutica Vanderian da Silva Bonzani, do Departamento de Química do IQ. "Estamos interessados no arsenal químico que as plantas produzem e que podemos utilizar como modelo para obtenção de fármacos e agrotóxicos", explica a docente.
Os pesquisadores estão selecionando as plantas que podem fornecer caminhos para encontrar substâncias com atividades antifúngicas, antitumorais e antioxidantes. "As antifúngicas são muito importantes na área da saúde, devido a doenças como a Aids, que abre as portas para fungos oportunistas", diz Vanderlan. "Além disso, o Brasil tem dificuldade em exportar cereais justamente devido à grande quantidade de fungos que se acumulam nesses produtos, principalmente devido às altas temperaturas."
ANTITUMORAL
Quanto à importância das substâncias antitumorais, basta lembrar que os compostos mais ativos obtidos para o tratamento quimioterápico do câncer são de origem natural. "Como são extremamente complexos e é difícil obtê-los por um processo de síntese, a natureza ainda é o melhor laboratório, pois produz essas substâncias", afirma Vanderlan, que coordena o Núcleo de Bioensaios, Biossíntese e Ecofisiologia de Produtos, Naturais (Nubbe), no IQ.
As substâncias antioxidantes são o objeto de estudo da engenheira química Dulce Helena Siqueira, do IQ. "Elas são importantes, porque evitam envelhecimento precoce e retardam uma série de processos de morte celular", diz a docente, uma das participantes do projeto, que conta com mais de 25 pessoas, entre docentes e alunos de pós-graduação do IQ-UNESP, IQ-USP e do Instituto de Botânica da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. O projeto, que recebeu uma verba de R$ 530 mil, para quatro anos de pesquisa, é fruto de um trabalho que Vanderlan desenvolve há dez anos com plantas de cerrado. "Ao ser aceito pelo Projeto Biota, ele ganha uma inegável posição de destaque no cenário nacional e nacional", conclui Vanderlan.
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Jornal da Unesp