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Megawatts mais econômicos (1 notícias)

Publicado em 28 de setembro de 2015

Por André Meirelles

O Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP realiza atualmente um projeto de pesquisa voltado para a geração de energia elétrica através de painéis fotovoltaicos instalados na Cidade Universitária. A iniciativa é feita em parceria com a Escola Politécnica, a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP) e a Companhia Energética de São Paulo (Cesp). Em julho passado, esse projeto recebeu o Prêmio Inovação e Tecnologia Brasil Solar, concedido pela EnerSolar+Brasil – Feira Internacional de Tecnologias para Energia Solar.

Atualmente, estão instaladas no campus quatro estações de energia solar, com capacidade para produzir 700 MWh. Isso representa cerca de 1% da demanda anual de eletricidade da Cidade Universitária. Uma das estações se encontra no teto da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. As outras três estão na área do IEE – uma em solo, uma no telhado de um dos prédios e uma na cobertura do estacionamento. O coordenador do projeto é o professor Roberto Zilles, do Laboratório de Sistemas Fotovoltaicos (LSF) do IEE.

“O objetivo principal consiste na instalação, operação e monitoramento de uma usina solar fotovoltaica de 540 kW, conectada indiretamente, por meio de unidades consumidoras, à rede de distribuição de energia elétrica”, explica Zilles. As atividades para a implantação dessa usina se iniciaram em maio de 2012 e os atuais quatro sistemas de produção de energia foram instalados no ano passado.

Segundo o professor, os painéis solares geram uma economia de R$ 350 mil para os cofres da USP. “Ou seja, o investimento realizado em infraestrutura de geração com recursos do projeto de pesquisa e desenvolvimento poderá ser amortizado em oito ou nove anos”, calcula.

A usina de geração de energia elétrica serve também como um laboratório para pesquisas dos estudantes. Já foram concluídas cinco dissertações de mestrado e duas teses de doutorado a respeito do programa. Atualmente, cinco estudantes de pós-graduação em Energia do IEE fazem doutorado sobre o tema.

Os resultados dos mestrados já apresentados foram incorporados em normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O professor Zilles adiciona: “Uma das teses de doutorado está servindo de base para a formação técnica profissional desenvolvida pela Agência de Inovação do Centro Educacional Paula Souza”. O programa recebeu o apoio do programa Ciência Sem Fronteiras, do governo federal, que proporcionou quatro bolsas de estudos na Espanha e uma no Canadá.

Os parceiros da USP na execução do projeto são a Prefeitura do campus, o Programa Permanente de Uso Racional de Energia (Pure), a Biblioteca Brasiliana e a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária. Há também a participação de uma equipe da Escola Politécnica.

Perspectivas – A tendência é que o uso de energia solar no Brasil cresça nos próximos anos. Segundo Zilles, as perspectivas são favoráveis e estão associadas diretamente com a redução dos custos de instalação de sistemas fotovoltaicos para geração de eletricidade e com o aumento da tarifa de energia elétrica ao consumidor final. Ele lembra que o governo brasileiro já contratou, através de leilões, usinas de energia solar de 2.000 MW, que deverão entrar em operação em 2017. Somada a isso, está também a estimativa de contratação de mais 1.000 MW em novembro. “Essa situação demandará mão de obra qualificada, gerando empregos e benefícios para a sociedade”, analisa.

Em relação à iniciativa na Cidade Universitária, a ideia é que ela também seja ampliada. No contexto da política ambiental da USP, o IEE pretende implantar mais unidades de geração solar fotovoltaica, em parceria com a Prefeitura do campus. “A meta é que a atual contribuição solar de 1% na demanda de eletricidade passe para 3% até o ano 2020”, projeta Zilles.

A experiência da USP com geração de energia solar fotovoltaica foi iniciada em 1998, quando o Laboratório de Sistemas Fotovoltaicos do IEE fez a conexão do primeiro sistema à rede elétrica do campus da USP, com recursos da Fapesp. Na época, tinha potência de 750 watts (W). “Esse sistema possibilitou as primeiras discussões com a distribuidora de energia elétrica sobre as questões de qualidade e segurança elétrica”, comenta Zilles.

Nessa linha de atuação, foi instalado outro sistema em 2001, dessa vez no prédio da administração do IEE. Ele continha inicialmente 6 kW de potência e, em 2003, foi ampliado para 12,3 kW. Em 2011, após o lançamento de uma chamada pública da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o IEE, com a CTEEP e a Cesp, apresentaram a atual proposta de desenvolvimento de sistemas fotovoltaicos conectados à rede.