Notícia

Info Exame online

Médicas tentarão incluir sequenciamento do genoma no SUS

Publicado em 15 abril 2014

Por Vanessa Daraya

Uma gota de sangue pode revelar doenças genéticas de um paciente com precisão. Para isso, é preciso fazer um sequenciamento do DNA. Cientistas da Unicamp, apoiados pela Fapesp, planejam levar esse método tão eficaz quanto caro para a saúde pública.

O exame é caro porque exige tecnologias que o Brasil ainda não fabrica. Sabendo disso, Dr. Joana Prota, médica geneticista, propôs fazer o sequenciamento do exoma. Esta parte do DNA (cerca de 2%) carrega o maior número de mutações genéticas responsáveis por doenças, como deficiência mental, epilepsia e Parkinson.

Por uma coleta de sangue simples é possível fazer o sequenciamento do exoma. Depois, a informação extraída dessa técnica pode ser armazenada. Isso significa que é possível analisar essa informação novamente quantas vezes for preciso. "Se hoje eu não tenho dados suficientes para fazer o diagnóstico, posso daqui um ano reanalisar o exame sem precisar refazer o teste", afirma a INFO Dr. Iscia Lopes-Cendes, chefe do Departamento de Genética Médica da Unicamp.

Existe o risco de perder alguns dados ao sequenciar apenas essa parte do DNA, mas a relação custo-benefício é vantajosa. "Na Unicamp, o exame custa cerca de R$ 1.800, sem incluir mão-de-obra, água, luz e outros custos inclusos nos hospital e centros de diagnóstico. O sequenciamento completo do genoma custaria R$ 30 mil", diz.

O sequenciamento não é barato, mas é mais eficiente do que os métodos usados atualmente, que muitas vezes levam muitos anos e nem sempre conseguem chegar a um diagnóstico preciso. "Queremos descobrir a doença com rapidez, o que beneficia os pacientes que não terão que esperar tanto tempo por um diagnóstico", diz Iscia.

O método já é usado em outros países e está disponível em serviços privados no Brasil. Para fazer com que o exame funcione no SUS, as médicas precisam ultrapassar uma grande barreira: a genética clínica ainda não ser reconhecida pelo sistema público. "Precisamos mostrar para o governo que esse exame de genética é custo-efetivo e que pode ajudar no diagnóstico de várias doenças. Ou seja, ele fará o próprio SUS economizar dinheiro e ainda irá melhorar a qualidade de vida dos pacientes, que vão ter um diagnóstico rápido e específico", afirma.

Além da Dr. Joana e Dr. Iscia existem outros profissionais envolvidos no projeto. "Tivemos essa ideia porque vimos que o sequenciamento do exoma só estava sendo feito só a título de pesquisa. Mas pouco tempo depois começou a ser usado na prática clínica. É necessário testar o exame dentro do SUS pra ver se é viável financeiramente ou não", diz Dr. Joana.

A equipe irá fazer uma análise completa, que envolve descobrir o quanto custa armazenar a informação, a adaptação do serviço de saúde, os treinamentos que os médicos terão que ter, entre outros fatores. "Vamos apresentar a análise e o resultados ao ministério da saúde. Caberá às autoridades de saúde pública decidir sobre o assunto", afirma Dr. Iscia.

De INFO Online