Notícia

Folha da Região (Araçatuba, SP)

Medicamento deve curar leishmaniose em animais

Publicado em 04 agosto 2013

Por Monique Bueno

Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), mostrou que o uso do medicamento P-Mapa (abreviação de agregado polimérico de fosfolinoleato-palmitoleato de magnésio e amônio protéico) em animais infectados com leishmaniose reduziu drasticamente a carga parasitária. O estudo, realizado entre os anos de 2009 e 2012, foi publicado recentemente na revista Acta Tropica – publicação internacional, que abrange ciências biomédicas e da saúde.

A professora da faculdade e coordenadora do projeto, Valéria Marçal Felix de Lima, disse que pensou em realizar o estudo depois de ter conhecimento sobre experimentos com animais, feitos por universidades do País e do exterior com o P-Mapa. Esses trabalhos confirmaram a eficácia do produto como um imunomodulador, ou seja, capaz de reequilibrar o sistema imunológico abalado pelos ataques de tumores, vírus, bactérias ou protozoários, tornando-o mais forte para combatê-los.

RECURSOS

Foi então que Valéria criou um projeto e o enviou à Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) com o objetivo de solicitar recursos para a pesquisa. O projeto foi aprovado e iniciado em 2009 com 20 cães do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de Araçatuba, todos doentes. “A gente reformou um espaço dentro da Unesp e fez um canil protegido com uma tela bem fina, já que os cães estavam com leishmaniose. Coloquei também as coleiras com repelente”, disse a coordenadora.

Para a escolha dos animais, o grupo de pesquisadores determinou todos possuírem três ou mais sinais clínicos da doença, como baixo peso, feridas pelo corpo, principalmente na ponta das orelhas, e áreas sem pelo.

Os 20 cães foram vermifugados (já que os vermes interferem na resposta imunológica) e separados em dois grupos de dez animais cada. Metade foi tratada com injeções intramusculares de P-Mapa durante 45 dias, intervalo de três dias cada aplicação. A outra metade recebeu apenas placebo durante o mesmo período.

“Fizemos avaliações imunológicas no início e no final do tratamento. Vimos que as lesões diminuíram, assim como o ganho de peso foi nítido. Os animais que receberam o P-Mapa tiveram uma cura clínica e alguns quase zeraram a carga parasitária”, explicou. No entanto, como no Brasil é obrigatório realizar a eutanásia em animais com leishmaniose, todos tiveram que ser sacrificados.

PRÓXIMA ETAPA

Segundo a coordenadora, a próxima etapa da pesquisa seria associar a aplicação do P-Mapa a uma droga leishmanícida em um grupo com maior quantidade de animais, todos doentes. “É repetir o mesmo protocolo experimental, com o objetivo de saber se há a cura parasitológica. De repente, teremos a cura total”, ressaltou. No entanto, Valéria afirmou que não vai realizar esta etapa porque teve dificuldades práticas na primeira. “Eu tive que lavar, por muitas vezes, o canil. É claro que os funcionários me ajudavam. Também chegaram a cortar a tela do canil. Só que isso não impede outros grupos de fazer este estudo.”

Além de Valéria, participaram do projeto a aluna de doutorado Maria Emília Santiago; os alunos de mestrado Luiz Silveira Neto e Mariana Macedo Andrade; os alunos de iniciação científica Eduardo Costa Alexandre e Marcos Arruda Somenzari; os professores colaboradores Danísio Prado Munari e Paulo César Ciarlini; a técnica do laboratório de imunologia celular, Juliana Perosso, e também o fornecedor da droga, Iseu Nunes.

monique.bueno@folhadaregiao.com.br