O diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Henrique de Brito Cruz, fez uma apresentação, nesta segunda-feira (29), do Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia (Bioen) à equipe da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Setec/MCTI). O evento teve por objetivo aproximar os trabalhos do Ministério no setor de bioenergia, daqueles desenvolvidos pela fundação.
"A Fapesp, pelas dimensões que tem, merece um olhar especial de parceria. O convite ao professor Carlos de Brito se insere nesse contexto: para conhecermos o programa que pode ser particularmente importante para o Ministério, mas também ser uma forma de maior aproximação entre o MCTI e a Fundação. A Fapesp sozinha é 50% do orçamentos das FAPs [Fundações de Amparo à Pesquisa] do Brasil", avaliou o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, Armando Milioni.
A ministra em exercício, Emília Ribeiro (que ocupa o cargo na Pasta enquanto o ministro Aldo Rebelo cumpre agenda oficial nos Estados Unidos com a presidenta da República, Dilma Rousseff) e o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (Seped), Jailson de Andrade, assistiram à palestra. "Gostaria de fazer um convite, se puder nos dar essa oportunidade próxima, para nos trazer alguns dados sobre a questão da água para discutirmos novos tópicos", convidou Emília.
Bionergia
O Programa Bioen tem por objetivo estimular e articular atividades de pesquisa e desenvolvimento utilizando laboratórios acadêmicos e industriais para promover o avanço do conhecimento e sua aplicação em áreas relacionadas à produção da bioenergia no País. O projeto abarca pesquisa acadêmica e estabelece parcerias para o desenvolvimento de atividades de pesquisa cooperativa entre universidades, institutos e empresa no Estado de São Paulo.
"Nós analisamos e decidimos sobre 26 mil propostas de pesquisa em 2014 e temos algum orgulho no fato de que o tempo médio para emitir uma decisão sobre essas propostas foi de 65 dias. Isso é muito rápido. Nunca encontrei nenhuma agência de financiamento à pesquisa em nenhum lugar do mundo que tivesse esse tempo médio. Para se ter uma ideia, a National Science Foundation (NSF) aponta no manual tempo mínimo de 180 dias para analisar. Já o National Institutes of Health (NIH) pede de nove a doze meses", afirmou o diretor.
Segundo ele, a Fapesp aplicou 500 milhões de dólares em financiamento à pesquisa ano passado. O Programa Bioen conta com mais de 300 cientistas em todo o Estado de São Paulo. "Desses, pelo menos 50 são estrangeiros, e temos mais de 600 estudantes de pós-graduação", disse.
Impactos
Ele lembrou que, atualmente, o Brasil é um dos países que mais fazem uso de fontes renováveis de energia no mundo. E que a cana de açúcar é a matéria prima que mais gera energia no país. "Mais ou menos metade da energia usada no país vem de fontes renováveis. Isso é uma conquista importante. No mundo, a média de energia renovável é de 13%. A cana-de-açúcar gera mais energia hoje que a hidrelétrica. 18% de toda energia usada no Brasil vem da cana-de-açúcar", afirmou.
Dentre outras vantagens que o uso da biomassa apresenta para o País, citadas por ele, foi destacada a redução nos níveis de emissão de carbono na atmosfera e o impacto social e econômico em diversas regiões do território nacional. "Uma das coisas interessantes que os pesquisadores do nosso projeto identificaram é como a produção de bioenergia leva a um progresso mais rápido do ponto de vista social do que qualquer outra cultura; os trabalhadores são mais bem remunerados e os filhos frequentam a escola por mais tempo do que a frequência observada em outras culturas, como, por exemplo, a de arroz", disse.
Biodiesel
Nesta quarta-feira (1º), o Ministério lança o livro Parâmetros Físico-Químicos para os Processos de Produção de Biodiesel, em Brasília. A publicação, inédita no Brasil, fornece dados dos processos de produção e uso do biodiesel para a indústria brasileira, e, com isso, preenche uma lacuna na literatura do setor. O livro reúne os principais resultados alcançados por um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O estudo foi financiado pelo MCTI, via Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Por Ascom do MCTI