As três variedades descafeinadas encontradas pelos pesquisadores foram descobertas através da análise do banco de germoplasma do IAC, que contém três mil exemplares de plantas originadas da Etiópia.
O material é derivado de 200 matrizes trazidas em 1965 por uma missão internacional enviada ao país africano, que foram encaminhadas primeiramente para a Costa Rica, segundo Maria Bernadete Silvarolla.
De lá, depois de ficarem em um período de "quarentena" em Jundiaí - onde não há cultura cafeeira - as mudas foram trazidas para Campinas e deram origem aos pés da mesma "família" que foram estudados pela equipe. "O objetivo do acordo entre a Etiópia e a Food and Agriculture Organization (FAO), da Nações Unidas foi preservar essas coleções da degradação ambiental", diz.
Fazuoli completa: "a Etiópia é o centro de origem da diversidade cafeeira, onde se espera que esteja concentrada a variedade genética. Essa variedade que encontramos cresce livremente por lá e se estabelece à sombra das árvores, de forma natural".
Para o pesquisador, a descoberta também indica o nível de excelência atingido pela pesquisa desenvolvida no IAC, que completa 127 anos no próximo dia 27.
"No mínimo 90% do café arábico plantado no Brasil, que corresponde a 70% de toda a produção nacional (36 milhões de sacas de 60 kg na safra deste ano), tem base genética do IAC", afirma.
Pela mesma razão, os pesquisadores destacam a importância do banco de germoplasma do instituto, que começou a ser formado em 1932, com o início do Programa de Melhoramento Genético do Cafeeiro.
O projeto contou com o trabalho de Alcides Carvalho, cujas iniciais batizam as variedades sem cafeína descobertas agora. "Essa pesquisa é a prova cabal do valor do recurso genético. É a matéria prima do melhorista", diz Bernadete.
A pesquisa do IAC e da Unicamp contou com o apoio financeiro do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) (SA/AAN).
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Correio Popular (Campinas, SP)