Participantes na Conferência Internacional sobre Biocombustíveis destacam que 48% da energia gerada no país provém de fontes renováveis, contra 7% nos países da OCDE
Quarenta e oito por cento da energia gerada no Brasil, que além de ser o maior produtor de etanol de cana-de-açúcar do mundo também ocupa posição de liderança nas tecnologias de sua produção, vem de fontes renováveis. Somente a cana fornece 15% dessa oferta interna de energia no país, em sua maioria na forma de etanol para o funcionamento de automóveis.
Em contrapartida, entre os países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que juntos produzem mais da metade de toda a riqueza do mundo, somente cerca de 7% da energia utilizada vem de fontes renováveis. A média mundial desse tipo de utilização é de 13%, menos de um terço da média brasileira.
Os dados, divulgados na segunda-feira (17/11), em São Paulo, na sessão de abertura da Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, serviram como um sinal de boas vindas às cerca de 92 delegações estrangeiras presentes. Com o tema central “Os biocombustíveis como vetor do desenvolvimento sustentável”, o encontro prossegue até sexta-feira (21).
José Serra, governador de São Paulo, foi o primeiro a falar e destacou que, no caso brasileiro, o estado reúne a maior concentração da produção tanto de álcool como de açúcar. “Excluindo as pastagens, a cana ocupa mais da metade das lavouras no estado. Cerca de 60% da produção de açúcar e dois terços da exportação de etanol são feitos a partir de São Paulo. Trata-se, portanto, de uma atividade estratégica para o desenvolvimento regional”, ressaltou.
Ao lembrar as inúmeras vantagens ambientais e energéticas do etanol, Serra disse que o futuro do etanol no Brasil passa pela Fapesp, cujos programas “têm apoiado pesquisas sobre bioenergia em várias frentes, desde a tecnologia de máquinas e equipamentos até o desenvolvimento da alcoolquímica, passando pelo melhoramento das plantas, impactos ambientais e processamento do bagaço da cana e outros resíduos."
“Somente em 2008, a Fapesp ofereceu cerca de R$ 83 milhões em chamadas públicas de pesquisas na área. A Fundação também compartilha investimentos nesses estudos com empresas privadas, entre elas a Dedini e a Braskem”, apontou Serra.
A anfitriã do evento, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, representando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, falou logo após o governador e também reconheceu que a biotecnologia derivada da cana-de-açúcar tem importante contribuição nos 48% de energias renováveis geradas no Brasil.
“Não podemos esquecer também que a introdução, mais recentemente, do biodiesel na matriz energética do transporte brasileiro, com os 3% do biocombustível misturados ao diesel consumido no país, também tem contribuído para esse esforço nacional. É certo que o Brasil tem 30 anos de etanol e apenas cinco de biodiesel, mas estamos convencidos de que esse é o caminho que se deve trilhar”, afirmou.
Dilma citou a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) como um dos centros nacionais de excelência de desenvolvimento de tecnologias agrícolas que mais têm sustentado os estudos científicos sobre etanol nas últimas décadas.
“Mesmo sendo um país produtor e, nos próximos anos, exportador de petróleo, o Brasil é hoje referência mundial em agricultura em zona tropical, tanto na produção de bioenergia como na adaptação e melhoria de sementes”, assinalou.
A ministra citou um número que não deixa de ser um excelente indicador da crescente produção de combustíveis renováveis no país. “Desde 2003 já foram produzidos cerca de 7 milhões de veículos flex fuel, sendo que hoje praticamente 90% de toda a produção de veículos leves no Brasil é bicombustível”, afirmou.
“Espero que nesse encontro os formuladores de políticas e os tomadores de decisão possam trocar experiências em clima de cooperação, no sentido de ampliar ainda mais a participação dos biocombustíveis na matriz energética global”, disse.
Também estiveram presentes na cerimônia de abertura do Conferência Internacional sobre Biocombustíveis os ministros de Minas e Energia, Edison Lobão, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, da Agricultura, Reinhold Stephanes, e da Ciência e Tecnologia, Sergio Resende.
“Biocombustíveis e Mudança do Clima”, “Biocombustíveis e Sustentabilidade”, “Biocombustíveis e Inovação” e “Biocombustíveis e Mercado Internacional” serão os eixos temáticos que conduzirão o restante da conferência.
Nesta terça-feira (18/11) será realizada a sessão especial "O papel da pesquisa científica na área de biocombustíveis", organizada pela Academia Brasileira de Ciências, com a participação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), do Inmetro e da Universidade de São Paulo. Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico, representará a Fundação.
(Agência Fapesp, 18/11)
Ministro de C&T participa da abertura da Conferência Internacional de Biocombustíveis
O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, participou no início da tarde desta segunda-feira, 17 de novembro, em São Paulo (SP), da abertura da Conferência Internacional de Biocombustíveis.
O evento, que é organizado pelo MCT, Casa Civil e Ministério das Relações Exteriores (MRE), reúne, até sexta-feira, 21de novembro, chefes de Estado, autoridades públicas, representantes das comunidades científica e acadêmica, da sociedade civil e de organizações não-governamentais.
O tema central dos debates é Biocombustíveis como Vetor do Desenvolvimento Sustentável. Os participantes também vão tratar de outros assuntos como a segurança energética, produção e uso sustentáveis, agricultura, processamento industrial, comércio internacional, mudança do clima e futuro dos biocombustíveis. Questões ligadas a especificações e padrões técnicos também serão tratadas por especialistas.
O evento é organizado em dois grandes segmentos: Sessões Plenárias, aberto ao público - dias 17, 18 e 19 de novembro - e Intergovernamental de Alto Nível, nos dias 20 e 21. Hoje, dia 18, na primeira sessão plenária, o tema será Biocombustíveis e Segurança Energética e tem a presença do presidente da Petrobras Biocombustível, Alan Kardec.
Às 18h30, haverá sessão especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, em que será apresentado parecer do Grupo de Trabalho de Bioenergia, com sugestões dos conselheiros a serem encaminhadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Já o ministro Sergio Rezende preside os trabalhos, em conjunto com outros ministros, em duas mesas. Na quinta-feira (20), às 10h, Rezende participa da Sessão Intergovernamental Biocombustíveis e Segurança Energética: transição da matriz energética; diversificação das fontes; universalização de acesso. Participam dos debates os ministros de Minas e Energia (MME), Edson Lobão, Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Reinhold Stephanes.
Na seqüência, Sergio Rezende, preside a Sessão Intergovernamental Biocombustíveis e Mudança do Clima: Mitigação das emissões de gases de efeito estufa; mudança do uso da terra, análises comparativas de ciclo de vida. Os trabalhos serão co-presididos pelos ministros das Relações Exteriores (MRE), Celso Amorim, do Meio Ambiente (MMA), Carlos Minc, do Desenvolvimento Agrário (MDA), Guilherme Cassel.
(Assessoria de Comunicação do MCT)