Notícia

Gazeta Mercantil

Material nuclear não vai ser vendido

Publicado em 05 março 1996

Por por Silvio Ribas - de Belo Horizonte
O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), José Mauro Esteves dos Santos, descartou a exportação, pelo Brasil, de qualquer componente para fabricação de armamentos nucleares, o que contraria a atual diplomacia brasileira. O cientista fez a afirmação ontem, durante debate realizado em Belo Horizonte pela autarquia, ao comentar a candidatura do País ao Nucleares Supply Group (Grupo de Supridores Nucleares), com sede em Londres. A questão foi levantada com o apoio dado pelo secretário de Estado norte-americano, Warren Christopher, à entrada do País no grupo que possui trinta associados, entre os quais a França e a Argentina - ao firmar, na última sexta-feira, o acordo Brasil-Estados Unidos de cooperação na área nuclear. Santos afirma que a aceitação do Brasil ao grupo não está confirmada e as negociações neste sentido estão sendo mantidas, independente do apoio norte-americano. "Trata-se de um mercado restrito, que envolve apenas os membros do Grupo de Supridores e voltado para complementar a produção destes", diz. O presidente da CNEN, órgão que em 1996 comemora 40 anos de existência, revela que a comissão destinou todo o ano passado para a definição de trabalhos de parcerias e de aproximação com a sociedade. Para este ano, a autarquia pretende se centrar de novo na geração de energia termonuclear, que é o carro-chefe do programa nuclear brasileiro. "Não importa se iremos construir nossas usinas nucleares com tecnologia nacional ou de fora. O maior desafio é definir o nosso cliente em vez de criar, como no passado, clientes imaginários", afirma.