Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) analisaram dados de 839 pessoas com 65 anos ou mais para analisar como a quantidade de massa muscular influencia na longevidade de cada um. Eles concluíram que o risco de mortalidade foi quase 63 vezes maior entre as mulheres com pouca massa muscular. Entre os homens nessa situação, a chance de morrer foi 11,4 vezes maior.
As primeiras medidas foram anotadas entre 2005 e 2007. Quatro anos depois, 132 dos voluntários haviam morrido. Desses, 43,2% faleceram por problemas no coração. Entre os homens, 20% morreram, enquanto entre as mulheres, 13%. De modo geral, os participantes que morreram eram mais velhos, faziam menos exercícios, tinham diabetes e doenças do coração.
— Quando a gente viu as causas de morte, cerca de 40% foram devido a doenças cardiovasculares, por insuficiência cardíaca. Há dois fatores por trás disso. O primeiro é que o sujeito que vai ter uma doença cardíaca tem menos músculos porque qualquer doença crônica é uma inflamação. E a inflamação diminui a produção muscular — explica Rosa Maria Rodrigues Pereira, professora de Reumatologia da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora da pesquisa. — Em qualquer doença crônica você acaba produzindo menos massa muscular. Isso acontece também em doenças reumatológicas e diabetes, por exemplo. O segundo fator é que a atividade física é boa para a atividade cardiovascular.
A médica explica que a perda de massa muscular acontece naturalmente após os 40 anos, e pode passar despercebida com o ganho de peso de gordura. Estima-se que após os 50 anos, entre 1% e 2% da massa muscular seja perdida anualmente. Entre os fatores que podem acelerar o fenômeno estão sedentarismo, dieta pobre em proteínas, doenças crônicas e hospitalização. Para recuperar a massa muscular perdida, Maria Rodrigues indica uma rotina de exercícios físicos e uma dieta rica em proteínas. Ter uma dieta rica em proteínas animais, como peixe, ovo, carne e frango, e vegetais, como feijão, grão de bico, lentilha e amêndoas
O estudo foi feito na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Os cientistas avaliaram a quantidade de músculos que cada pessoa tinha nos braços e nas pernas, além da quantidade de gordura nas camadas abaixo da pele e entre os órgãos vitais. Cerca de 20% das pessoas que participaram da pesquisa tinham massa muscular abaixo da média.
A perda de massa muscular associada ao envelhecimento é conhecida como sarcopenia. Dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia indicam que 46% dos brasileiros acima de 80 anos sofrem disso. Os voluntários que participaram da pesquisa da USP foram examinados por uma técnica conhecida como densitometria por emissão de raios X de dupla energia.
O exame não requer nenhum preparo especial e é realizado com baixa exposição à radiação. Esse tipo de densitometria fornece as informações de massa óssea, magra e de gordura do corpo inteiro ou de partes específicas, expressas em porcentagem da massa total. O equipamento foi adquirido com auxílio da Fapesp.