Enquanto a população espera pela vacina contra o coronavírus, as máscaras produzidas com um tecido antiviral e que ficaram conhecidas como anti-corona devem chegar aos comércios da região de Campinas ainda essa semana. Isso porque, empresários da região investem em um tecido que pode ser utilizado na confecção desses protetores e que demonstrou serem capaz de inativar a covid-19.
O tecido é composto por uma mistura de poliéster e de algodão que contém dois tipos de micropartículas de prata impregnadas em sua superfície. Antes de ir para a confecção, o tecido passa por um banho com esse produto antiviral.
Segundo especialistas, a prata atrai e inativa o vírus. Para colocar a substância ao tecido ele passa por um processo de imersão, seguido de secagem e fixação.
Durante testes de laboratório, o material foi capaz de eliminar 99,9% da quantidade do vírus, após dois minutos de contato. A solução líquida dura até 30 lavagens e não age para matar o vírus, mas sim para impedir sua aderência na superfície do tecido.
A tecnologia foi idealizada por pesquisadores da Nanox, startup apoiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), e com sede em São Carlos. Desde então várias empresas, inclusive as da região de Campinas que integram a RPT (Região do Polo Têxtil), já adquiram a composição química para aplicar em tecidos produzidos por elas.
"As micropartículas de prata aumentam o nível de proteção ao impedir a presença na máscara de fungos e bactérias, que podem facilitar a adesão e a proliferação do novo coronavírus na superfície de materiais", explicou Luiz Gustavo Pagotto Simões, diretor da Nanox.
NA REGIÃO
A Raio de Luz Confecções, de Americana, é uma das empresas da região que confeccionará as máscaras anti-corona. O proprietário João Augusto Dal Coleto revela que deu início na produção dos equipamentos na semana passada.
As máscaras já estarão disponíveis para compra a partir desta quinta-feira (23) e, segundo ele, o preço ainda está em negociação. No entanto, o empresário garante que elas serão vendidas 50% abaixo do valor praticado no mercado.
"Vamos produzir 40 mil de início e conforme as vendas foram aumentando, a gente vai aumentando a produção também. Para quem tiver interesse em colocar em seu comércio, como farmácia e mercado, nós iremos fazer um preço especial de atacado", contou.
O tecido antiviral está sendo produzido em empresas da região como a Têxtil PBS, em Nova Odessa, e a Star Colours, em Santa Bárbara dOeste. Essa última esteve envolvida no processo de aplicação das micropartículas no tecido quando ele ainda estava em fase de teste.
João Augusto diz que pretende incluir roupas comuns nas confecções. "Futuramente a gente vai produzir roupas e vestidos, já que a confecção é voltada para isso. A próxima coleção vai sair com todas as peças com o tecido antiviral", revelou.
REALIZAÇÃO
O desenvolvimento do material teve a colaboração de pesquisadores do ICB-USP (Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo), da Universitat Jaume I, da Espanha, e do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais um dos centros de pesquisa apoiados pela Fapesp.
Além de testes para avaliação da atividade antiviral, antimicrobiana e fungicida, o material também passou por ensaios para avaliação do potencial alérgico, fotoirritante e fotossensível, para eliminar o risco de causar problemas dermatológicos. (Com informações de Elton Alisson | Agência Fapesp)