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Marcadores apontam variabilidade genética do pinhão manso (1 notícias)

Publicado em 29 de maio de 2013

Por Júlio Bernardes

Pesquisa desenvolvida no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP, em Piracicaba, caracterizou a variabilidade genética de acessos de pinhão manso (Jatropha curcas L.) depositados no Banco de Germoplasma da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). A análise permitiu estudos sobre as relações entre as populações, centro de diversidade e sistema reprodutivo da espécie. As descobertas obtidas com o uso de marcadores genéticos podem ajudar a desenvolver variedades melhoradas para o cultivo comercial, destinado principalmente à produção de óleo, visando a produção de biocombustíveis.

O germoplasma consiste em unidades conservadoras de material genético (plantas) coletadas em diferentes regiões para o uso imediato ou com potencial de uso futuro. “Durante este estudo, por exemplo, coletamos plantas de pinhão manso em todas as regiões do Brasil e em alguns países como Colômbia, México, China, etc”, afirma o engenheiro agrônomo Eduardo de Andrade Bressan, que participou da pesquisa. ”Esses acessos foram utilizados para buscar a melhor característica de cada planta, visando produzir uma cultivar elite, que atenda a demanda do produtor”.

Os resultados derivados das análises dos marcadores genéticos (regiões onde o material genético se repete) atestam que o centro de diversidade da espécie, ou seja, a área onde se encontram maior variabilidade nas características da planta, possivelmente está na América, com destaque para a Colômbia, Brasil e México. “O estudo aponta também para a diferenciação genética dos acessos atóxicos mexicanos quando comparados com os tóxicos encontrados em todo o mundo”, diz Bressan.

Os marcadores genéticos (microssatélites) desenvolvidos para o estudo indicam que o pinhão manso apresenta um sistema misto de reprodução, combinando autofecundações, apomixia e cruzamento entre plantas aparentadas. “Isso pode explicar a menor diversidade genética encontrada dentro das populações estudadas”, conta o engenheiro agrônomo. “Isso não influi na variabilidade de características da espécie, pois ela apresenta grande plasticidade para se ajustar ao ambiente em que se encontra”.

Reprodução

Em botânica, apomixia é a reprodução biológica sem fertilização, meiose ou produção de gametas, com o resultado das sementes serem geneticamente idênticas às da planta mãe. “Pode ser definida também como um modo de reprodução assexuada por sementes a partir do óvulo não fecundado”, explica Bressan. ”Contudo, embora as vantagens evolucionárias da reprodução sexuada sejam perdidas, muitos programas de melhoramento genético buscam uma propagação clonal de um ‘material elite’”.

O pinhão manso é uma pequena árvore tropical que adquiriu importância econômica pelo conteúdo de óleo em suas sementes e pela possibilidade de sua utilização para produção de biocombustíveis. “As sementes e o óleo do pinhão manso são tóxicos devido principalmente à presença de ésteres de forbol, o que dificulta a sua utilização direta para o consumo humano e também dos resíduos para a alimentação animal”, aponta o engenheiro agrônomo.

A falta de programas de melhoramento, cultivares comerciais e os problemas com pragas e doenças estão desestimulando o cultivo do pinhão manso pelo mundo. “Por se tratar de uma espécie semi-domesticada, a utilização de marcadores genéticos auxilia nos estudos de diversidade e estrutura genética, visando o desenvolvimento de variedades adaptadas às necessidades dos agricultores”, ressalta Bressan.

A pesquisa foi fruto de uma colaboração entre o CENA e a UFSCar, contando com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. As conclusões do estudo foram publicadas na edição online da revista científica Tree Genetics & Genomes, no último dia 16 de abril.

Mais informações: (19) 3429-4733, email ebressan@cena.usp.br, com Eduardo de Andrade Bressan

Por: Redação TN / Agência USP