Você gostaria de descobrir suas chances de ter câncer de pele? Pois saiba que existe uma avaliação capaz de responder a essa pergunta. Ela combina exames e questionários, revelando assim se a pessoa terá 50% de chance de desenvolver a doença ao longo da vida.
A avaliação não fez sucesso em outros países, como Estados Unidos, Holanda e Espanha. Mas o Brasil está dando um bom exemplo: todas as 44 famílias convidadas aos testes toparam a proposta. Assim, esse público poderá identificar o tumor com antecedência e aumentar de 5% para 90% as chances de cura.
Os testes estão sendo feitos no Hospital A. C. Camargo e coordenados pelo dermatologista Alexandre Leon, com financiamento da Fapesp (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo). São procuradas pessoas que tenham dois parentes com casos de câncer de pele do tipo melanoma — que se esconde atrás de uma pinta. Segundo Leon, até pessoas que não se encaixam neste perfil já o procuraram.
Quando uma família tem dois casos da doença, todos os parentes de primeiro grau são convidados a fazer uma dermatoscopia digital, que é um mapeamento de todas as pintas do corpo com tamanho maior que 0,2 centímetros. "O normal é ter cerca de 20 destas", afirma.
O exame aponta quais delas tem estrutura fora do comum e devem ser investigadas como possíveis tumores. Também é feito um questionário de exposição ao sol. Pessoas que tomaram muito sol ou tem muitas pintas são monitoradas.
Teste a cada 6 meses
O exame mais específico e precoce é com DNA. Separa-se um gene que, se tiver a mutação conhecida pelos cientistas, sinaliza pré-disposição ao melanoma. Segundo o dermatologista, 50% das pessoas com a mutação terão o tumor. "É uma notícia difícil de se receber, a pessoa vai conviver com a hipótese, mas também poderá se prevenir", afirma Leon.
Das 44 famílias participantes, cerca de 10% dos membros tiveram resultado positivo. Eles farão o mapeamento de pintas a cada seis meses e poderão retirar o tumor precocemente antes que ele se espalhe.