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Carbono Brasil

Mapear a biodiversidade do Cerrado e Pantanal é o objetivo da Biota-MS (1 notícias)

Publicado em 10 de setembro de 2009

Por Thiago Romero

Agencia Fapesp

Governo do Estado de Mato Grosso do Sul faz os últimos ajustes do programa de biodiversidade baseado no Biota-FAPESP, que deve ser lançado em novembro.

Os últimos ajustes do Programa de Ciência, Tecnologia e Inovações em Biodiversidade (Biota-MS), como foi nomeada a iniciativa baseada no Programa Biota-FAPESP, serão feitos nos dias 10 e 11 de setembro, em workshop na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande.

O programa de pesquisas financiado pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Superintendência de Ciência e Tecnologia (Sucitec), pretende promover a conservação e o uso sustentável da biodiversidade no Estado.

Os principais objetivos são caracterizar a biodiversidade do Cerrado e Pantanal e dar suporte científico para a preservação, potencial econômico e utilização sustentável desses biomas. Espera-se que, com o programa, os pesquisadores consigam sistematizar a coleta de modo a organizar e disseminar informações.

"A grande prioridade do programa será a catalogação de novas espécies da fauna e da flora e o aprimoramento das ferramentas de gestão da biodiversidade da região, de modo a garantir a preservação das espécies e, ao mesmo tempo, seu uso econômico sustentável", disse o coordenador geral do programa Biota-MS e professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFMS, João Onofre Pereira Pinto, à Agência FAPESP.

"A expectativa é que o lançamento oficial do programa ocorra em novembro deste ano", aponta. Segundo ele, os pesquisadores do Biota-FAPESP contribuíram de forma decisiva na organização da versão sul-mato-grossense do programa.

"Boa parte da comunidade científica do Mato Grosso do Sul participa do Biota-FAPESP, de forma direta ou indireta, quando fizeram e ainda vêm fazendo seus trabalhos de pós-graduação sobre assuntos relacionados às diferentes temáticas do programa. Existe um vínculo natural nesse sentido e agora queremos começar a andar com nossas próprias pernas, seguindo as orientações dos pesquisadores de São Paulo", afirmou.

Carlos Alfredo Joly, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do Biota-FAPESP, lembra que as discussões para a criação do programa sul-mato-grossense vêm ocorrendo há três anos e foram iniciadas por José Sabino, então superintendente da Sucitec e atual professor da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal.

Suas colaborações científicas em parceria com Ricardo Castro, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, em um Projeto Temático conduzido no âmbito do Biota-FAPESP, foram as primeiras aproximações a favor do Biota-MS.

"Castro, que participou do grupo inicial que planejou o Biota em São Paulo, passou ao Sabino informações importantes sobre o processo de criação do programa e outros detalhes mais técnicos como a padronização das coletas. Quando o professor Sabino foi para a secretaria ele levou adiante a ideia de criar um programa aos moldes do Biota-FAPESP", disse Joly à Agência FAPESP.

"Isso mostra que estamos conseguindo cumprir um dos principais objetivos de nosso programa, que é o de usar a experiência de São Paulo como um projeto piloto para a criação de programas semelhantes em outros Estados, dando origem, possivelmente, à elaboração de um Biota-Brasil, que reúna as informações de todos os programes estaduais", acrescentou.

Joly fará a conferência de abertura do workshop "Definição da Estrutura do Programa de CT&I em Biodiversidade do Mato Grosso do Sul", no qual a minuta do Biota-MS deverá ser avaliada e debatida para que modificações sejam sugeridas e novas contribuições acrescentadas à versão final do programa.

"No evento serão apresentadas informações científicas que já existem sobre o Estado, sobretudo no Cerrado e Pantanal, e definidas as etapas e os objetivos que devem ser seguidos nos próximos meses", explicou Joly.

Apoio e avaliação

Para auxiliar nessa tomada de decisões, Joly falará no workshop sobre os principais avanços conquistados nos dez anos do Biota-FAPESP, além de destacar pontos que justificam o sucesso do programa na última década, como a continuidade dos recursos repassados pela Fundação paulista.

"Uma das principais razões para o sucesso do programa é o fato de termos uma agência de fomento, no caso a FAPESP, com capacidade de implementar e financiar um programa de longo prazo, sem ingerências políticas", apontou.

Segundo ele, outra questão importante são as avaliações externas, ou seja, pesquisadores de outras regiões do Brasil e do exterior que analisam periodicamente o andamento do programa como um todo, desde detalhes mais técnicos até questões gerais como o processo de integração entre as equipes.

"Esses profissionais são de áreas semelhantes às nossas, mas olham o programa de fora para identificar questões que muitas vezes não percebemos e que podem resultar em algum tipo de falha no andamento geral do programa", explicou.

"A garantia de continuidade dos recursos e a presença dos avaliadores externos são dois pontos fundamentais para o sucesso do Biota-FAPESP e que pretendo destacar no workshop", disse.

O evento abrigará sete oficinas temáticas, que receberão pesquisadores e docentes de universidades de diversos Estados, além de representantes de entidades governamentais e não-governamentais de meio ambiente.

Os assuntos abordados serão "Sistema de gestão de informações, estratégia de captação e gestão financeira do Programa Biota-MS", "Biodiversidade aquática", "Diversidade vegetal", "Diversidade de invertebrados terrestres", "Diversidade de vertebrados terrestres", "Bioprospecção" e "Planejamento e gestão de biodiversidade".

"Fizemos questão de convidar pesquisadores vinculados ao Biota-FAPESP para aproveitar suas experiências na construção das diretrizes da nossa versão do programa. A história do Biota em São Paulo credencia o programa para ser o nosso orientador", disse Pereira Pinto, que também é o atual superintendente da Sucitec.

O programa pretende consolidar a infraestrutura de coleções e acervos em museus, herbários, jardins botânicos, zoológicos e bancos de germoplasma do Mato Grosso do Sul, equiparando-os a padrões internacionais quanto a tamanho de acervo, qualidade da manutenção e organização, informatização, realização de exposições e produção de publicações científicas.

O Biota-MS objetiva ainda, entre outras iniciativas, o desenvolvimento de inventários e estudos para preencher lacunas de conhecimento, taxonômicas e geográficas, sobre a diversidade biológica no Mato Grosso do Sul, a informatização de acervos e coleções científicas e o estabelecimento de uma rede de informação em biodiversidade entre todas as instituições envolvidas com a pesquisa e conservação de biodiversidade do Estado.

Os pesquisadores deverão também consolidar a infraestrutura e os serviços de apoio para pesquisa das unidades de conservação do Estado e dotar os profissionais que trabalham nessas regiões de novos conhecimentos sobre a biodiversidade local para seu manejo adequado, além de realizar avaliações periódicas da representatividade das unidades de conservação existentes no Estado para a identificação das áreas prioritárias para a ampliação.

Mais informações sobre o workshop: assect@semac.ms.gov.br ou telefones (67) 3318-4042/4062.