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Gazeta Mercantil

Mapeamento genético une concorrentes (1 notícias)

Publicado em 04 de dezembro de 2001

Por Eliane Sobral - de Silva de São Paulo
Quatro grandes concorrentes do setor de papel e celulose resolveram deixar a competição de lado e se uniram num projeto de grande porte. Ripasa, Votorantim Celulose e Papel, Cia Suzano de Papel e Celulose mais Duratex formaram um consórcio e estão investindo R$ 500 mil cada uma no projeto de seqüenciamento genético do eucalipto. O consórcio tem como parceiro a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que entra com R$ 530 mil no projeto batizado de ForESTs (Eucalyptus Genome Sequencing Project Consortium). O lançamento do projeto aconteceu ontem em São Paulo e, segundo o presidente da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz, o seqüenciamento e a análise funcional do genes de eucalipto tem como objetivo elevar a produtividade das florestas, baixar os custos de produção do papel, celulose e produtos florestais e ainda reforçar a competitividade das empresas brasileiras nos mercados internos e externos. Cruz explica que o ForESTs é o primeiro projeto de seqüenciamento genético do programa Parceria para Inovação Tecnológica (PIT) mantido pela Fapesp. Segundo ele, é também a primeira vez que empresas concorrentes se juntam para realizar trabalho de pesquisa e desenvolvimento. "Vamos completar, e não substituir, as pesquisas que essas indústrias já fazem. É um programa de longo prazo, cujos resultados devem aparecer dentro de cinco a seis anos", afirma o presidente da Fapesp, acrescentando que este é também o primeiro trabalho no mundo de seqüenciamento genético do eucalipto. "Há pesquisas desse gênero nos Estados Unidos mas com o pinus", informa ele. O gerente de planejamento tecnológico da divisão de recursos naturais da Suzano, Luiz Cornacchioni, explica que, embora a parceria tenha sido anunciada ontem, os pesquisadores da Fapesp iniciaram o trabalho no último mês de junho. "Creio que a partir de 2004 teremos em mãos uma espécie de biblioteca genética do eucalipto. A partir daí, poderemos nortear melhor o mapeamento genético e abreviar pesquisas de melhoria com nosso principal insumo", avalia Cornacchioni, acrescentando que, atualmente, a Suzano investe algo entre US$ 1,5 milhão e US$ 1,8 milhão em pesquisa e desenvolvimento. O presidente da Fapesp diz que, como os trabalhos de pesquisa começaram em meados deste ano, é possível que já em fevereiro próximo, a Fundação mais seus parceiros da iniciativa privada tenham em mãos o mapeamento genético da madeira. "O trabalho de mapeamento é rápido. O que vai demorar são os resultados das modificações de melhoramento que se fará a partir desse primeiro passo", completa Cruz, explicando que serão produzidas 100 mil seqüências para encontrar, no mínimo, 15 mil genes. Esta é a primeira fase do trabalho. Na segunda etapa, será criado um sistema de análise de dados para a seleção dos melhores clones do eucalipto. Na etapa de análise funcional dos genes, informa Cruz, o investimento do consórcio será em torno de R$ 1,2 milhão. GRANDE SÃO PAULO Convênio - a Fapesp anunciou a formação de um consórcio entre a Votorantim, Ripasa, Suzano e Duratex para financiar a primeira fase do projeto ForESTs: Eucalyptus Genome Sequencing Project Consortium. O seqüenciamento da espécie Eucalyptus Grandis poderá tornar as florestas mais produtivas.