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Mapeados 2 mil sítios arqueológicos indígenas no Estado de São Paulo (45 notícias)

Publicado em 07 de junho de 2024

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um mapa interativo que identifica mais de 2 mil sítios arqueológicos indígenas no Estado de São Paulo.

Esta ferramenta inovadora oferece um panorama abrangente sobre a arqueologia dos povos indígenas no território paulista, utilizando dados de teses de doutorado, artigos e outras publicações.

Desenvolvimento do mapa interativo

O mapa interativo também é resultado da colaboração entre os pesquisadores, já que foi a partir dos dados levantados pelas pesquisas de cada um dos integrantes do projeto da USP que o mapeamento estadual foi feito. Tudo começou com uma grande tabela no Excel , um compilado de banco de dados. Eles desenvolveram o site no domínio da USP e transformaram essa tabela em um site acessível a todos.

A utilização de tecnologias avançadas foi crucial para a criação do mapa interativo. Ferramentas de geoprocessamento e sistemas de informação geográfica (SIG) foram empregadas para converter os dados das planilhas em uma representação visual compreensível. Além disso, o mapa fornece informações detalhadas sobre o tipo de material encontrado, a tradição indígena e a datação dos sítios.

A transição de dados de planilhas para um formato interativo não foi isenta de desafios. A equipe enfrentou dificuldades na padronização dos dados e na integração de diferentes fontes de informação. No entanto, a colaboração entre os pesquisadores e o uso de tecnologias adequadas permitiram superar esses obstáculos.

Importância dos sítios arqueológicos

Os sítios arqueológicos são fundamentais para a compreensão da história e cultura dos povos indígenas que habitaram o Estado de São Paulo. Eles fornecem evidências concretas sobre a vida, os costumes e as tradições dessas comunidades, permitindo uma análise detalhada de seu desenvolvimento ao longo do tempo.

O Estado de São Paulo, por ser um espaço de encontro entre regiões e biomas, tornou-se um local de confluência de diferentes grupos indígenas. Pesquisadores do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP mapearam, pelo menos, 2 mil sítios arqueológicos indígenas no estado de São Paulo. Entre as regiões com maior concentração de sítios, destacam-se a Baixada Santista, Piracicaba e o Interior Paulista.

Metodologia de mapeamento

O banco de dados foi criado utilizando coordenadas de localização UTM e dados WGS 84, disponíveis em aparelhos de GPS. Em sítios arqueológicos mais antigos, cuja localização não é precisa, o grupo de pesquisa optou por fornecer as coordenadas do centro do município onde se situa. Um dos diferenciais do mapa arqueológico criado no MAE é a preocupação em apresentar a filiação cultural , informando sempre que possível o grupo indígena e o tipo de artefato encontrado, como pedras, lascas ou cerâmicas.

Araujo destaca que o mapa facilita a visualização dos dados, permitindo que os alunos formulem novas perguntas e hipóteses. Em vez de trabalhar com planilhas, a representação visual oferece uma compreensão mais completa. Além da localização, o mapa fornece informações sobre o tipo de material encontrado, a tradição indígena e a datação dos sítios, junto com referências para estudos adicionais.

Para Astolfo Araújo, geólogo pelo Instituto de Geociências (IGc) da USP, mestre e doutor em arqueologia pelo MAE e coordenador do Levoc, a concepção do mapa só foi possível graças à interdisciplinaridade e colaboração entre diferentes áreas do conhecimento. Mas reforça a importância de se valorizar a informação advinda dos próprios povos tradicionais de cada território mapeado.

O mapa interativo lançado pelo Levoc é um dos resultados obtidos pelo projeto temático “A ocupação humana do Sudeste da América do Sul ao longo do Holoceno: uma abordagem interdisciplinar, multiescalar e diacrônica”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Impacto do projeto na comunidade

O projeto tem promovido um engajamento significativo entre os acadêmicos, incentivando a participação em estudos arqueológicos em Currais Novos e Campo Redondo. A colaboração entre universidades e centros de pesquisa tem sido fundamental para o avanço das investigações.

A participação da comunidade local é essencial para o sucesso do projeto. Através de ações para comunidade, como políticas científicas e voluntários para pesquisa, o projeto tem conseguido integrar os moradores nas atividades de mapeamento e preservação dos sítios arqueológicos.

A inclusão da comunidade local não só enriquece o processo de pesquisa, mas também fortalece os laços culturais e históricos da região.

As parcerias institucionais têm sido um pilar importante para o desenvolvimento do projeto. Instituições de ensino, como a USP, e outras organizações têm colaborado ativamente, fornecendo recursos e expertise necessários para a continuidade das pesquisas.

Futuro da arqueologia indígena em São Paulo

O futuro da arqueologia indígena em São Paulo é promissor, com potencial significativo para novas descobertas . A região de Piracicaba, por exemplo, já é considerada uma área com alto potencial para a descoberta de novas evidências da presença dos povos originários ao longo da história. Pesquisadores do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP continuam a explorar novas áreas e a utilizar tecnologias avançadas para identificar sítios ainda não mapeados.

O mapa interativo desenvolvido pelos pesquisadores da USP não se limita ao Estado de São Paulo. Há planos para expandir o projeto para outros estados, criando um banco de dados público que ofereça um panorama detalhado dos vestígios materiais dos povos indígenas em todo o Brasil. Esta expansão permitirá uma compreensão mais abrangente das diversas manifestações culturais indígenas no país.

As iniciativas de pesquisa continuam a ser uma prioridade. O Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP está na vanguarda desses esforços, promovendo estudos que envolvem diferentes áreas do conhecimento. A colaboração entre instituições e a utilização de novas tecnologias são fundamentais para o avanço da arqueologia indígena no Brasil.

O mapa interativo apresenta ao usuário uma visão espacial das diversas manifestações culturais indígenas presentes em território paulista.

Conclusão

O mapeamento dos mais de 2 mil sítios arqueológicos indígenas no Estado de São Paulo representa um marco significativo na preservação e valorização da herança cultural dos povos originários. Através do mapa interativo desenvolvido pelos pesquisadores da USP, é possível ter uma visão abrangente e detalhada das diversas manifestações culturais indígenas presentes no território paulista.

Este projeto não apenas enriquece o conhecimento acadêmico, mas também promove a conscientização pública sobre a importância de proteger e estudar esses vestígios históricos. Com a contínua atualização e expansão do banco de dados, espera-se que novas descobertas venham à tona, contribuindo ainda mais para a compreensão da história e cultura dos povos indígenas no Brasil.

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