Notícia

Agência Estado

Manta de fibras óticas trata icterícia de recém-nascidos

Publicado em 15 setembro 1999

Em alguns meses, os médicos terão uma nova e mais segura alternativa de tratamento para um dos problemas mais comuns nos berçários de maternidades: a icterícia de recém-nascidos. A icterícia atinge cerca de 5% dos recém-nascidos brasileiros e é causada pelo excesso de bilirrubina no sangue, um pigmento biliar que deixa a pele da criança amarelada. Se não for tratada, a icterícia pode levar à surdez ou causar problemas ao sistema nervoso central. O tratamento tradicional é expor o recém-nascido a luzes fluorescentes, apenas de fraldas e com uma venda nos olhos. As ondas de luz azul decompõem a bilirrubina, que é, então, eliminada pelo organismo. Os riscos são baixos, mas a criança pode se queimar com os raios ultravioleta, se as lâmpadas ficarem muito próximas da pele ou a venda escapar dos olhos. Além disso, há desconforto com o calor (raios infravermelhos) das lâmpadas e a distância da mãe. Por isso, surgiu uma alternativa, nos países desenvolvidos, de usar uma manta de fibras óticas, maleável e segura, capaz de envolver o bebê e deixar passar apenas a luz azul, eliminando o calor e os raios ultravioletas. Uma destas mantas chegou ao Brasil por 8 mil dólares, importada pelo neonatologista Fernando Luchini, da Universidade Estadual de Campinas, Unicamp. E ele sugeriu o desenvolvimento de uma malha nacional à empresa Komlux, de Campinas, São Paulo. Cícero Lívio Omegna de Souza Filho, da Komlux, trabalhou com outros 9 pesquisadores e técnicos durante 2 anos até obter uma manta, maior e mais aperfeiçoada do que a importada, que possivelmente chegará ao mercado a um preço bem inferior, em torno de 2,5 mil reais. "Nossa manta envolve o bebê por inteiro e permite à mãe mantê-lo próximo, como se estivesse apenas embrulhado num cobertor", conta Souza Filho. "Ainda estamos testando maneiras de melhorar a assepsia, como a adaptação de um saquinho de material descartável, para evitar o contato direto da pele do bebê". A primeira fase do desenvolvimento do produto recebeu um financiamento de cerca de 50 mil reais da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Fapesp e a segunda fase, atual, tem recursos adicionais de 200 mil. Maiores informações com Cícero Omegna de Souza Filho através do telefone (19) 2784959 ou do endereço eletrônico cicero@komlux.com.br.