Representantes de universidades estaduais paulistas e alunos conseguiram nesta quinta-feira um encontro no Palácio dos Bandeirantes com autoridades do governo.
A reunião foi definida depois da chegada de milhares de manifestantes na região do palácio, onde o Batalhão de Choque da Polícia Militar bloqueou ruas e impediu a aproximação da multidão. Segundo Francisco Miraglia, primeiro-vice-presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp), um dos 15 participantes da comissão autorizada a seguir para a sede do governo, sete integrantes do grupo foram recebidos pelo secretário-adjunto da Casa Civil, Humberto Rodrigues. A assessoria do palácio, no entanto, não informou que autoridades representavam o governo na reunião.
A PM formou um cordão de isolamento no cruzamento das avenidas Morumbi com Francisco Morato, na zona sul da capital paulista, impedindo a passagem dos manifestantes, que saíram em passeata do campus da Universidade de São Paulo no início da tarde.
De acordo com estimativas da PM, haveria de 3.000 a 5.000 manifestantes na passeata.
Os policiais usaram ao menos cinco vezes spray de pimenta para impedir o furo do bloqueio, e o trânsito na região foi interrompido.
Um estudante foi detido ao tentar passar pelo cordão de isolamento formado pelos PMs, mas libertado mais tarde. Segundo a PM, ele foi detido por não respeitar a ordem legal de contenção.
"O Palácio dos Bandeirantes por lei é uma área de segurança pública. Nós não podemos permitir manifestação naquele local, principalmente a quebra da ordem", disse o coronel da PM Alaor José Gasparoto. Segundo o coronel, mais de 400 homens participam da operação, isolando o Palácio dos Bandeirantes.
A manifestação ocorre no mesmo dia em que o governador José Serra (PSDB) editou uma medida eliminando, segundo o próprio governo, "os equívocos de interpretação" dos decretos que deflagraram a invasão da reitoria da USP por estudantes, no dia 3 de maio.
O documento foi publicado nesta quinta-feira no Diário Oficial do Estado de São Paulo, a pedido dos reitores da Unicamp, USP e Unesp e do presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Um dos principais motivos dos protestos são cinco decretos assinados pelo governador que feririam a autonomia universitária, segundo seus críticos. Também fazem parte das reivindicações contratação de mais professores, aumento do repasse para a educação, construção de moradia estudantil e reajuste salarial.
"Sem dúvida, foi um recuo do Serra, mas insuficiente", disse Magno de Carvalho, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (Sintusp). "Queremos a revogação dos decretos e o fim da Secretaria de Ensino Superior (criada por Serra)", acrescentou.
Os estudantes traziam faixas de protestos, exibiam livros aos policiais e entoavam: "Nós temos cadernos e não armas". Em uma das faixas estava escrito: "Quem governa por decreto é ditador".
Segundo informações da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), por volta das 16h a cidade registrava 56 quilômetros de congestionamento, normalmente chega a 31 quilômetros nesse horário.
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Reuters Brasil