Um estudo preliminar, que ainda precisa da revisão de pares, indica que 66% dos habitantes de Manaus possuem anticorpos contra o novo coronavírus.
O trabalho sugere que a capital do Amazonas alcançou a chamada imunidade de rebanho – situação na qual grande parte da população já teve contato com o vírus e adquiriu proteção, o que faz com que a incidência da doença caia consideravelmente.
O estado do Amazonas foi um dos mais atingidos pelo coronavírus nos primeiros meses de pandemia no Brasil, com elevado número de casos e de mortes diárias.
Os pesquisadores investigaram a presença de anticorpos IgG (produzidos a partir do 14º dia do início dos sintomas e responsáveis pela chamada proteção de memória contra uma nova infecção) nas amostras de sangue de 6.316 pessoas de Manaus, coletadas entre 7 de fevereiro e 19 de agosto, na Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas.
Na última semana do estudo, o percentual de pessoas com anticorpos variou entre 44% e 66%.
Os primeiros estudos feitos sobre a imunidade de rebanho para a Covid-19 indicavam que seria preciso que 60% da população adquirisse anticorpos para que a disseminação caísse consideravelmente. Em julho, um estudo das Universidades de Estocolmo, na Suécia, e de Nottingham, no Reino Unido, afirmou que a porcentagem poderia ser menor, de cerca de 43%.
Pelos dados obtidos, Manaus se encaixaria nas duas hipóteses. No entanto, os próprios pesquisadores reconhecem limitações do trabalho, pois as amostras analisadas foram obtidas em bancos de sangue ou seja representam um perfil específico de pessoas – as que se encaixam nos critérios de doadores – dentro da população.
A pesquisa na capital do Amazonas foi conduzida por 34 cientistas de diversas instituições como as universidades de São Paulo; de Oxford, no Reino Unido; de Harvard, nos Estados Unidos, e ainda não foi publicada em revista científica.