A Universidade de São Paulo (USP) está na liderança de um projeto que pode ajudar no controle da malária vivax, doença infecciosa causada pelo parasita do gênero Plasmodium e transmitida para as pessoas pela picada de mosquitos. A vacina brasileira contra o tipo mais comum de malária no país e em regiões das Américas está em fase de patente e até janeiro deve ter o pedido de testes em humanos protocolado em agências reguladoras.
Atualmente, não existe uma vacina contra a malária vivax. Chamado de Vivaxin, o imunizante passou por testes de boas práticas de laboratório (BPL) e de fabricação (BPF). Foi apresentado em setembro durante o 2º Congresso de Inovação e Sustentabilidade do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC) pelo CT-Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), parceira da USP no desenvolvimento do produto.
— Temos um produto inédito no mundo e inteiramente produzido no Brasil. Meu objetivo desde o início da pesquisa, há mais de dez anos, foi conseguir uma vacina. Agora estamos na etapa final para autorização dos estudos clínicos — diz Irene Soares, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP), à Agência FAPESP.
Soares é coordenadora do trabalho juntamente com o professor Ricardo Gazzinelli, diretor do Centro de Tecnologia de Vacinas (CT-Vacinas) e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Vacinas (INCT-Vacinas).
Em artigo publicado há alguns meses, os pesquisadores demonstraram que o imunizante foi capaz de induzir níveis altos de anticorpos em camundongos e coelhos, mostrando-se seguro e bem tolerado. A formulação apresentada combina em uma única molécula três diferentes formas genéticas, as chamadas variantes alélicas, de uma proteína do Plasmodium vivax, a PvCSP (proteína circunsporozoíta), com o objetivo de aumentar a eficácia e proteger contra todas as variações.
No estudo, os anticorpos produzidos pelos camundongos imunizados reconheceram as três variantes da doença, conseguindo, em alguns casos, prevenir completamente a infecção e, em outros, retardar o aparecimento dos parasitas no sangue.
Os sintomas da malária vivax incluem febre intermitente, calafrios, suor intenso, fadiga, dores musculares e, em alguns casos, náuseas e vômitos.