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Jornal do Brasil

Mal da vaca louca tem nova explicação (1 notícias)

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LONDRES — Cientistas holandeses acreditam que uma célula que normalmente ajuda o corpo a combater bactérias e infecções possa ser o gatilho da degeneração cerebral causada pela encefalopatia espongiforme bovina — a doença da vaca louca — e seu correspondente humano, a doença de Creutzfeldt-Jakob. A revelação na semana passada de que as duas moléstias estariam relacionadas levou a União Européia e vários países a boicotarem a carne bovina inglesa, supostamente infectada. A célula, chamada microglia, quando estimulada pela proteína prion, o agente da doença, libera substâncias oxidantes que destruiriam o tecido nervoso. Os infectados pela doença de CJ têm seus cérebros escavados como queijos suíços, e sofrem de falta de concentração, depressão e ataques de ansiedade antes de entrarem em estado vegetativo e morrerem. Os cientistas da Universidade de Gottin-gen observaram em suas experiências, realizadas em ratos, que a ação da microglia poderia ser anulada por anti-oxidantes como a vitamina E. Sem cura — Assim como a Aids, a doença de CJ tem um longo período de incubação — cerca de 30 anos — e nenhuma cura conhecida. Os 10 casos mais recentes na Grã-Bretanha — que detonaram o pânico, depois que cientistas revelaram terem sido provavelmente causados pela ingestão de carne contaminada pela vaca louca — fogem deste padrão, já que as vítimas tinham uma média de idade de 27.5 anos. Assim, os cientistas foram forçados a admitir que havia uma nova — e mais perigosa — forma de se contrair a Creutzfeldt-Jakob. Uma das hipóteses para a contaminação do gado britânico com a encefalite espongiforme bovina é o fato dos pecuaristas terem usado, a partir da década passada, carcaças de ovelhas e dos próprios bovinos para enriquecer a alimentação do rebanho. "Transformarmos vacas vegetarianas em carnívoras e depois em canibais. Isso é extremamente antinatural e criou uma bomba-relógio que começa a explodir. Brincar coma natureza alimentou uma série de crises que são como aviões esperando para pousar", alerta o pesquisador britânico Peter Cox. O número de mortes pela doença de CJ na Grã-Bretanha aumentou de 28 em 1985 para 55 no ano passado. Enquanto as causas ainda estão sendo estudadas, prognósticos assustadores vão sendo divulgados. Como o do microbiologista Richard Lacey, de que até o final do século, haverá pelo menos 50.000 casos por ano no país.