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Mais uma internet - Fapesp lança nova rede acadêmica de computadores de até, 2,5 Gbps, que liga universidades do Brasil à Internet 2, nos Estados Unidos

Publicado em 01 dezembro 2004

O Brasil acaba de ganhar uma conexão acadêmica com a Internet de velocidade inédita. Inaugurada mês passado pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade Internacional da Flórida, a linha liga a Rede Acadêmica de São Paulo (ANSP) com a Rede Abilene (a Internet 2, uma rede acadêmica formada em 1996 para fins de pesquisa), dos Estados Unidos. A iniciativa tem financiamento da FAPESP, para a parte brasileira, e da FAPESP lança nova rede acadêmica de computadores de até 2,5 Gbps, que liga universidades do Brasil à Internet 2, nos Estados Unidos National Science Foundation (NSF), para o lado norte-americano. A nova conexão aumenta em cerca de 14 vezes a velocidade média da comunicação entre as redes acadêmicas do Estado de São Paulo e dos Estados Unidos, passando dos atuais 45 milhões de bits por segundo (Mbps) para 622 Mbps. A velocidade de transmissão da rede pode ser ampliada sempre que necessário para até 2,5 bilhões de bits por segundo (Gbps). "A nova rede tem como missão garantir a infra-estrutura de comunicação necessária a todos os projetos de pesquisa cientifica e tecnológica do Estado de São Paulo que necessitem de comunicação cm banda realmente larga", explica Luis Fernandez Lopez, professor da faculdade de Medicina da USP e coordenador da Rede ANSP. A linha de fibra óptica pode atingir até 2,5 gigabits por segundo na transmissão de dados. É a primeira vez que os hemisférios Norte e Sul são ligados em tamanha velocidade. "Para se ter uma idéia do significado dessa velocidade, podemos tomar como exemplo a 9a Sinfonia de Beethoven, um paradigma de medida digital depois que Akio Morita, presidente da Sony, durante o desenvolvimento do CD, determinou que os 74 minutos de duração da obra coubessem num único disco, de modo que ela pudesse ser ouvida sem interrupção", disse Sérgio Novaes, do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (Unesp). "Com o novo link de 2,5 Gbps, os 320 MB da gravação em alta fidelidade da Nona Sinfonia podem ser transmitidos entre São Paulo e Chicago em exatamente 1 segundo." A rede proporcionará também conectividade a projetos de pesquisa do Brasil e da América Latina, por meio da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e da Rede Clara (Cooperação Latino-Americana de Redes Avançadas). "A capacidade da nova conexão será extremamente útil para projetos de pesquisa nas mais variadas áreas, como a física de partículas em altas energias, televisão digital, astronomia ou meteorologia", conta Lopez. - Brasil As primeiras demonstrações da nova rede foram feitas pela comunidade internacional de física de altas energias. A idéia é usar a rede para transferir dados entre diversos laboratórios e institutos ao redor do mundo, entre eles o Centro de Pesquisa em Computação Avançada do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), o Laboratório fermi e o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern). O Centro Regional de Análise de São Paulo (Sprace) deverá utilizar a conexão recém-inaugurada para transmitir dados. O Sprace foi implantado com apoio da FAPESP por meio do projeto temático física Experimental de Anéis de Colisão: SPRACE e HEPGrid-Brazil, coordenado por Novaes. O centro vem sendo operado com a ajuda do Programa de Apoio a Jovens Pesquisadores, em projeto coordenado por Eduardo Gregores, também do Instituto de física Teórica da Unesp. O Sprace conta atualmente com um cluster de computadores no Instituto de física da Universidade de São Paulo que, na fase final de implantação, deverá operar com 80 nós de processamento de dados. A física de altas energias se caracteriza por grandes colaborações internacionais distribuídas pelo mundo e pela produção de uma enorme quantidade de dados. "Cara se ter uma idéia dos números envolvidos, a colaboração Compact Muon Solenoid (CMS), do Cem, conta com 167 instituições de 38 países. Ela deverá produzir a cada segundo uma quantidade de dados equivalente ao de 10 mil Enciclopédias Britânicas", explica Novaes. "Isso faz com que a área requeira a utilização de redes de alto desempenho e grande capacidade de processamento distribuído de dados entre as instituições participantes". Novaes conta que a demonstração durante a SuperComputing 2004 deverá envolver infra-estrutura de rede (WLAN) de última geração e serviços de computação em grade baseados na arquitetura a ser adotada pelos futuros experimentos do Large Hadron Collider (LHC), do Cem. - Projeto Para transformar o projeto em realidade, os professores Luis Fernandez Lopez, da USP, e Júlio Ibarra, da Universidade Internacional da Flórida (FIU), contaram com o apoio de instituições. Além da Rede ANSP, participam o Center for Internet Augmented Research and Assessment (Clara/FlU) e o Latin American Nautilus (Telecom Itália), que cedeu capacidade no cabo submarino da empresa entre São Paulo e Miami. Terremark e Impsat forneceram espaço e suporte em seus datacenters, a Eletropaulo Telecom cedeu fibra óptica em São Paulo e a fPL Fibernet a fibra na cidade de Miami. A Qwest e a Intemet 2 entraram com a conectividade entre Miami e Pittsburgh. Além disso, Cisco e Foundry supriram o equipamento óptico necessário para o funcionamento da conexão. - Detalhes da Rede A rede que liga universidades do Brasil à Internet 2 nos Estados Unidos tem números impressionantes. Confira algum deles: Capacidade de transmissão de dados de até 2,5 bilhões de bits por segundo. Se necessário, 320 MB de informações poderiam ser transferidas em 1 segundo. A rede permite a mais rápida ligação mundial entre os hemisférios Sul e Norte. De início, os projetos que usarão a rede serão os ligados a TV Digital, entre outras. A Telecom Itália é investidora do projeto e cedeu todo o cabeamento submarino. A Internet 2 foi criada em 1996.