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Diário da Saúde

Mais de 150 medicamentos estão sendo testados contra covid-19 (51 notícias)

Publicado em 08 de junho de 2020

Nada menos do que 153 fármacos estão sendo testados em pacientes que contraíram covid-19. Esses testes envolvem 1.765 experimentos que estão sendo conduzidos em todo o mundo.

O número revela a dimensão do esforço global em curso para combater a doença, que conta ainda com outras frentes, como experimentos básicos para tentar compreender os mecanismos moleculares da infecção, o desenvolvimento de vacinas e a geração de dados epidemiológicos sobre a pandemia, por exemplo.

"Uma análise cuidadosa dos 1.765 estudos em andamento revelou algumas surpresas e curiosidades. Entre as 153 substâncias químicas registradas nos testes clínicos há antivirais, antiparasitários e medicamentos desenvolvidos para diferentes condições," explica o professor Adriano Andricopulo, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, responsável pelo levantamento.

O centro onde Andricopulo trabalha também está procurando potenciais antivirais para o tratamento da covid-19 entre compostos sintéticos e produtos naturais da biodiversidade brasileira, além de realizar estudos voltados ao reposicionamento de fármacos já existentes.

Reposicionamento de medicamentos

Pela metodologia conhecida como reposicionamento de fármacos, são testadas substâncias já aprovadas para outras doenças ou que estão em fase avançada de testes clínicos.

Entre as 153 substâncias que estão sendo avaliadas para a covid-19, há uma grande diversidade de classes terapêuticas. Os antivirais aparecem na liderança, com 26 candidatos. Outros 18 são medicamentos anticâncer, 14 imunossupressores, 13 anti-hipertensivos, 12 antiparasitários e 12 anti-inflamatórios.

Entre os outros 58 candidatos estão antibióticos diversos, antiulcerosos, anticoagulantes, antidepressivos, antipsicóticos, vasodilatadores, antidiabéticos, corticosteroides e redutores de colesterol.

Um dos mais promissores, até agora, é o antiviral remdesivir, desenvolvido originalmente para combater o vírus ebola. O medicamento, no entanto, tem a desvantagem de só poder ser administrado na forma injetável. Por isso, duas outras moléculas têm-se destacado como alternativas superiores a ele.

A EIDD-2801 ataca a mesma enzima viral que o remdesivir, mas pode ser administrada por via oral, em comprimidos. Além disso, os testes realizados até agora mostram que ela pode ser mais eficaz contra as formas mutantes do vírus, evitando a criação de resistência ao medicamento. Outra molécula semelhante e mais simples, a EIDD-1931, atrapalha o processo de transcrição do material genético do vírus, levando à interrupção da replicação.

"Ainda estamos distantes de alcançar um tratamento com 100% de eficácia e é pouco provável que isso ocorra no curto prazo. E a pouca eficácia dos medicamentos em investigação clínica sugere que o tratamento da covid-19 deva ser feito com uma combinação de fármacos, de acordo com a avaliação do quadro e das condições de cada paciente", ressaltou Andricopulo.

Com informações da Agência Fapesp