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Mais 77 usinas de açúcar e álcool em operação no País

Publicado em 30 novembro 2006

A euforia do setor de cana ganha força com as previsões de safra maior, implantação de número crescente de usinas, ganhos de produtividade e destaque para novas tecnologias para produção de etanol, com destaque para a hidrólise.
Pelos cálculos da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), mostram que a safra 2006/2007 será de 424,9 milhões de toneladas (t) de cana-de-açúcar. A previsão da consultoria Datagro é semelhante: 423,22 milhões de t, um crescimento de 12,4% em relação à safra anterior.
De acordo com a Unica, com 95% da safra colhida até o último dia 15, a produção de cana, açúcar e álcool já supera a da safra 2005/2006.
A esse nível elevado de produção soma-se a proliferação das usinas. De acordo com a Unica, há 77 novas usinas em operação no País, um número expressivo quando se recorda que havia um total de 347 usinas em funcionamento na safra passada, segundo dados da Dedini.
E o setor registra também aumento da produtividade. Para Plínio Nastari, diretor da Datagro, "o rendimento médio desta safra será de 145,8 Kg de sacarose por tonelada de cana", afirma ele.

Aposta na hidrólise
A boa safra e as perspectivas favoráveis para o setor nos próximos anos estão levando as empresas a investir em novas tecnologias que, além de rentáveis, possam atender a demanda com produtos de maior qualidade.
É o caso da Dedini, empresa especializada em planejar e construir plantas usineiras, que tem um projeto em parceria com a Fapesp para o desenvolvimento de um modelo de produção de etanol por meio da hidrólise. Essa metodologia apresenta a vantagem de aproveitar toda a cana para chegar ao etanol — atualmente apenas um terço do produto é aproveitado.
"Converter celulose em etanol envolve dois passos fundamentais: quebrar as longas cadeias das moléculas de celulose em açúcares e fermentar esses açúcares em etanol", diz Carlos Eduardo Vaz Rossel, professor da Universidade de Campinas (Unicamp) e coordenador do projeto desde 1997.
Em 20 anos de pesquisa e desenvolvimento do processo foram investidos mais de R$ 20 milhões, entre recursos da Dedini, da Fapesp e de outros parceiros, como o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). Para os próximos cinco anos, a estimativa é investir mais R$ 20 milhões.
Basicamente, o processo de produção do etanol por meio da hidrólise se dá utilizando a biomassa da cana-de-açúcar. Hoje, apenas o caule é aproveitado pela maioria das usinas. "Cerca de dois terços da planta são desperdiçados, entre folhas, pontas e palha", afirma o professor.

Em dois anos, lucros
Segundo ele, nos próximos dois anos já se poderá constatar os primeiros resultados "economicamente lucrativos" do projeto. Entretanto, apenas em meados de 2012 é possível que a Dedini apresente ao setor a primeira usina do país baseada em hidrólise.
"O processo de hidrólise envolve a reformulação da unidade fabril, treinamento dos funcionários, novos equipamentos, além de condições de trabalho em alta temperatura e pressão", diz Rossel. O professor afirma que, para se ter êxito econômico com a hidrólise, é preciso chegar a uma razão de 100 litros de etanol por tonelada de cana processada. Entretanto, ele ressalva que essa proporção está diretamente ligada ao preço do barril do petróleo, o que pode variá-la para mais ou para menos.
"Apesar das dificuldades técnicas e econômicas que o projeto envolve, já conseguimos em nossa unidade piloto chegar a uma razão de 90 litros de etanol por tonelada de cana. Prova que estamos no caminho certo", afirma.

Empresa investe no setor
Animada com as perspectivas do setor de cana, a Arysta LifeScience, uma das maiores empresas do mercado internacional de defensivos agrícolas, aposta nesse mercado para crescer no Brasil.
Com faturamento de US$ 1 bilhão no ano passado, a unidade brasileira da companhia, que tem sede no Japão, quer aproveitar o momento de expansão da atividade, também em função da incorporação da Volcano Agroscience, empresa da África do Sul.