Mais 57 agrotóxicos foram liberados no país na última quinta-feira (3). Há cerca de duas semanas, o governo já havia registrado 63 agrotóxicos. Ao menos, desta vez, 10 substâncias anunciadas são biológicas – isto é, podem ser usadas na agricultura orgânica.
Dos produtos liberados, 41 são genéricos de substâncias já presentes no mercado e seis são novas. Até então, apenas quatro ingredientes ativos novos haviam sido autorizadas, contrastando assim com o argumento de que as novas aprovações seriam para modernizar e trazer substâncias menos tóxicas. Confira o tópico “toxicidade dos produtos” nesta matéria.
A organização ambiental Greenpeace ressaltou que as novas aprovações foram divulgadas pelo Ministério da Agricultura exatamente ontem (3/10): Dia Nacional das Abelhas. Como se sabe, elas são uma das maiores prejudicadas do aumento do uso de agrotóxicos.
Abelhas ameaçadas
Responsáveis por 70% da polinização no mundo, as abelhas são essenciais para a produção de alimentos. Porém, não é de hoje, que a FAO vem alertando para o declínio das espécies. Aqui mesmo no Brasil tivemos um exemplo claro quando meio bilhão de abelhas morreram em apenas três meses, como mostrou a reportagem da Agência Pública.
Um estudo, publicado em 2018, mostrou como abelhas podem ficar viciadas em pesticida à base de nicotina. Em Vitória, capital do Espírito Santo, foi aprovado um Projeto de Lei que proíbe o uso de agrotóxicos à base de neonicotinóide. Medida que não resolve todos os problemas, mas ao menos reconhece a questão.
Uma pesquisa recente da USP revelou que às espécies são afetadas até por cerconil, agrotóxico utilizado contra fungos e que, até então, era considerado inofensivo para abelhas. Outro estudo, publicado nesta semana pela Agência Fapesp, mostrou como a larva da abelha canudo (Scaptotrigona depilis) depende da interação entre três diferentes espécies de fungo para se desenvolver. Esse processo, no entanto, pode ser afetado pelo uso indiscriminado de agrotóxicos.