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Maior resistência para o plástico

Publicado em 04 janeiro 2003

Por Fabiana Pio
Uma tecnologia capaz de aumentar a resistência mecânica, térmica e elétrica de materiais plásticos usados no isolamento de fios e cabos elétricos está sendo utilizada por grandes empresas no País, como a brasileira Cofiban e a italiana Pirelli. Denominado reticulação de polímeros, o processo consiste na utilização da irradiação, que permite elevar, por exemplo, de 5% a 50% a resistência de fios e cabos elétricos, segundo Jeorg Milos, diretor executivo da companhia Cofiban. De acordo com Milos, a Cofiban detém 70% do mercado brasileiro. E investiu US$ 3 milhões na aquisição da máquina denominada acelerador de feixe de elétrons, que emite a irradiação. Esse equipamento está localizado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), responsável pela manutenção da máquina e pesquisa. De acordo com pesquisador Leonardo Silva, chefe da divisão de produtos e serviços do Centro de Radiações do Ipen, o instituto adaptou a tecnologia de reticulação de polímeros no Brasil. Ela foi desenvolvida com as matérias-primas existentes no mercado, como o polietileno e policloreto de vinila (PVC). Segundo Wilsom Calvo, gerente do Centro de Tecnologia das Radiações do Ipen, o instituto tem mais um acelerador de feixe de elétron e duas máquinas de fonte de cobalto 60, para realizar pesquisas, prestar serviços às empresas e auxiliá-las na implantação da tecnologia. "Ajudamos a empresa Iracome, localizada no Paraná, a implantar a tecnologia de irradiação de fios e cabos", diz o gerente do Ipen. "Queremos disseminar o uso dessa tecnologia no País. Atualmente, a energia nuclear é usada desde a conservação de obras de arte até a preservação e desinfestação de alimentos e produtos agrícolas", diz Calvo. De acordo com Milos, a Cofiban utiliza o acelerador de feixe de elétrons diariamente no Ipen. Com essa tecnologia, os cabos tornam-se mais resistentes às intempéries e solventes químicos. E não pegam fogo. Eles são utilizados nas indústrias siderúrgica, metalúrgica e automobilística. Entre os clientes da Cofiban estão Petrobras, Volkswagen, Philips e Bosch. A Cofiban atua há 30 anos no País e tem hoje 120 empregados. De acordo com o gerente Calvo, a Pirelli também detém parceria com o Ipen. EM JULHO, SERÁ INAUGURADA NOVA MÁQUINA DE IRRADIAÇÃO Uma nova máquina de irradiação, que utiliza como fonte o cobalto 60, será inaugurada em julho deste ano no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). O projeto consiste na construção e implantação do irradiador industrial multipropósito de cobalto 60, que terá 4 metros cúbicos. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) está financiando o projeto. Ela investirá cerca de R$ 1,3 milhões, além de US$ 210 mil. segundo Leonardo Silva, chefe da divisão de produtos e serviços do Centro de Tecnologia das Radiações do Ipen. Para Wilsom Calvo, gerente do Centro de Tecnologia das Radiações do Ipen, o objetivo é simular o processo da irradiação em escala industrial, avaliando o custo e o tempo. "Nosso objetivo não é concorrer com a empresa privada", diz