Entre 27 e 31 de outubro, quase mil pesquisadores com doutorado subiram a serra da Mantiqueira e participaram do 16º Encontro da Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia (Anpof), em Campos do Jordão, interior paulista. Cerca de 2.200 apresentações foram feitas em sessões temáticas e em 54 grupos de trabalho durante a reunião, que ocorre a cada dois anos desde 1984.
"O evento deste ano foi 15% maior do que o anterior", diz Marcelo Carvalho, presidente da Anpof e coordenador de pós-graduação da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo (EFLCH-Unifesp).
A maior participação de professores e doutores em filosofia no encontro reflete a expansão da pós-graduação na área. Em 2004, havia 14 programas de pós em filosofia. Hoje existem 41, que oferecem 40 cursos de mestrado e 21 de doutorado, de acordo com dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Atualmente cerca de 720 docentes ministram aulas e orientam alunos na pós. Entre 2010 e 2012, cerca de 1.100 dissertações de mestrado em média, uma por dia e 350 teses de doutorado em filosofia foram defendidas no país.
Não se trata apenas do crescimento de uma área de pesquisa cujo primeiro programa de pós-graduação, com mestrado e doutorado, foi criado em 1971 na Universidade de São Paulo (USP) o segundo curso de doutorado só surgiria em 1980, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
"Nos últimos 10 anos, a comunidade de filósofos mudou muito e a pós, antes concentrada em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, se espalhou por todo o Brasil", afirma Carvalho. Atualmente, todas as regiões do país dispõem de ao menos um curso de pós-graduação em filosofia. Na região Norte, a última a oferecer formação na área, a Universidade Federal do Pará (UFPA), iniciou suas atividades no mestrado a partir de agosto de 2011.
Até o fim do ano, a Capes deve dar um parecer, favorável ou não, para a criação de mais 10 cursos de mestrado ou doutorado em filosofia. "As propostas vêm de todas as partes do país, de Roraima ao Rio Grande do Sul", diz Vinicius Berlendis de Figueiredo, professor de filosofia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e vice-coordenador da área de Filosofia, Teologia e Ciências da Religião da Capes.
Um dos fatores que impulsionaram a área de filosofia foi uma alteração no artigo 36 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Em julho de 2008, a Presidência da República sancionou um projeto de lei que tornou obrigatório o ensino de sociologia e filosofia nas escolas de ensino médio, públicas ou particulares, de todo o país.
A repercussão imediata da medida foi na graduação, de onde saem os bacharéis e licenciados em filosofia, potenciais interessados em dar aulas no ensino médio. "Mas, como a graduação e a pós estão integradas, uma coisa reflete na outra", comenta Figueiredo. "Além disso, o crescimento da pós em filosofia também se beneficiou de um movimento mais amplo, que estimula a expansão e descentralização da pós como um todo no país."
Em paralelo ao evento da Anpof em Campos do Jordão ocorreu a segunda edição do Encontro Nacional dos Professores de Filosofia do Ensino Médio, iniciativa que também contribui para aproximar a educação da pesquisa.
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Revista Pesquisa FAPESP